segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Memória da cidade: Dona Bebé, tacacazeira


Raymunda Cezarina Rodrigues de La-Rocque, a dona Bebé, ou a Bebé Tacacazeira, nasceu em 02 de abril de 1934, no Bailique, Distrito de Macapá, filha de Mário Palha Rodrigues e Raimunda de Carvalho Rodrigues, mais conhecida como Dona Dica.
Dona Bebé, estudou no Educandário Antônio Lemos em regime de internato até sua formatura, quando retornou à Macapá mais ou menos em 1948; foi contratada pela casa Leão do Norte, trabalhando como auxiliar da gerente, dona Clemência até seu casamento, em 15 de março de 1957, com o paraense Luiz Alfredo de La-Rocque, pioneiro do Território Federal do Amapá, funcionário Público aposentado.
O casal teve três filhos, todos homens: Abel Rodrigues de La-Rocque (54), técnico em eletrônica formado pela escola Técnica Federal do Pará; Sérgio Roberto Rodrigues de La-Rocque, engenheiro químíco industrial pela UFPA, atual secretário de transportes do Governo do Amapá (53); Luiz Jorge Rodrigues de La-Rocque (50), escrivão de polícia, técnico em contabilidade pelo Colégio Comercial do Amapá.
Em 1962, morre dona Dica, mãe de Bebé, que começara com venda de tacacá e outras delicias como vatapá, caruru, beijo de moça, cocada na Praça Veiga Cabral, sob uma das imensas mangueiras que foram retiradas do leito da Rua São José. Bebé então assume o lugar da mãe e a banca se desloca para o canto da Igreja de São José, de onde só saiu doente, para falecer no dia 5 de março de 2004, em Belém do Pará. Seu corpo, em reconhecimento à sua figura carismática, foi velado no Plenário da Câmara Municipal, e sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, no mesmo mausoléu da sua genitora, no Centro de Macapá.
Em 43 anos de trabalho, Dona Bebé transformou o tacacá da família Rodrigues de La-Rocque, e outras delícias que vendia ao cair da tarde, em um atrativo da cidade de Macapá.
Bebé atendia a todos os seus fregueses muito bem, e pela ordem de chegada, sem distinção. Sua banca funcionava de segunda a sábado, na calçada do prédio da Diocese, local em que se instalaram as Livrarias Paulinas, e tinha um público eclético: ia de governador, juiz, promotor, deputado, até o povão. Ela conversava muito pouco enquanto trabalhava, e guardava a sete chaves os segredos que faziam do seu cardápio de comidas típicas uma gostosura que os macapaenses jamais irão esquecer. Ah, outra coisa: quando estava de folga não gostava de conversar sobre o seu trabalho... "Aqui eu sou outra Bebé, não sou a Bebé Tacacazeira".
Nota do Editor: Texto de João Silva, especialmente adaptado por João Lázaro, para o blog Porta-Retrato.
O texto original – integral – editado e publicado pelo autor, em 14 de outubro de 2012, sob o título: “Memória – Bebé Tacacazeira”, no blog do João Silva.

2 comentários:

  1. Que tacacá gostoso que ela fazia! E o beijo-de-moça então....nem se fala. Saudades.

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  2. Marília Salvador Shibayama3 de fevereiro de 2013 às 17:16

    Melhor vatapá que já comi e a cocada era deliciosaaaaa. Humm!

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