quinta-feira, 19 de julho de 2018

Foto Memória da Igreja Católica, no Amapá: Primeiros Padres do PIME

Os primeiros padres italianos que faziam parte do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras-PIME, chegaram ao Amapá, para substituir os religiosos alemães da Congregação da Sagrada Família, na condução do catolicismo no Amapá.
De acordo com o padre Ângelo Bubani (Pequeno Histórico da Diocese de Macapá, Macapá-AP, 1985), os primeiros padres residentes do Pime a chegar ao Amapá foram Aristides Piróvano (que se tornou superior local e primeiro bispo de Macapá) e Arcângelo Cérqua. Ambos inicialmente atuaram na Pastoral Paroquial.
Eles chegaram em Macapá no dia 29 de maio de 1948. Dom Aristides ficou até 1965, quando foi nomeado Superior Regional do Pime em Roma. Arcângelo Cérqua foi em 1952 para Manaus, onde assumiu o governo regional do instituto.
Marcaram presença como padres pioneiros, além de Dom Aristides e o padre Arcângelo, os padres Vitório Galliani, Ângelo Bubani, Carlos Bassanini, Luís Vigano, Mário Limonta, Lino Simonelli, Jorge Basile e Irmão Francisco Mazolene. Estes chegaram na segunda leva de missionários, ocorrida em 19 de junho de 1948. Vitório Galliani faleceu em Macapá em 1983; Carlos Bassanini em 1973, e Mário Limonta abandonou o sacerdócio em 1949, um ano depois. Foi com a chegada desses missionários que a Pastoral da Juventude e os movimentos mariais tiveram novo avivamento.
Na imprensa, a presença do padre Jorge Basile teve momentos decisivos, entre eles a criação da Rádio Educadora São José, que ficou no ar até 17 de abril de 1978.
Na terceira viagem que fizeram ao então Território, foram engrossar as fileiras os padres Simão Corridori, Ângelo Negri, Pedro Locati e Antonio Cocco (dezembro de 1948). O padre Dário Salvalaio chegou em 13 de maio de 1950, mas faleceu seis anos depois (20.03.1956), vítima de hidrofobia. Nesse mesmo ano chegam também os padres Ângelo Pighin, Mário Fossati e Irmão Martinho Minelli. De 1953 até 1972, o Pime enviou para o Amapá o correspondente a 46 padres, o que deu bastante impulso à Igreja Católica do Amapá. A partir de 1972, a “Região Missionária do Amapá” foi desmembrada da do Brasil-Sul, passando a ser governada por um próprio superior geral. O primeiro da lista foi o padre João Airaghi (1972 a 1975). Seu substituto foi Rogério Alicino (1975 a 1977), que deu importante contribuição à História do Amapá, com o lançamento da obra “Clevelândia do Norte” (Bibliex, Rio de Janeiro, 1975), seguido de Lino Simonelli (1978 a 1981).
A atuação do Pime foi de grandiosa importância para o desenvolvimento social, apostólico e missionário no ex-Território do Amapá. Destacam-se, aí:
– O orfanato São José, na Ilha de Santana;
– O pensionato São José, atrás da Catedral;
– As escolas paroquiais São José (extinta), São Benedito, Padre Dário e Dom Aristides Piróvano, em Macapá, além de outras no interior do Estado.
A importância política dessa instituição missionária se fez por ocasião dos períodos mais cruentos da história contemporânea do Amapá, principalmente no período da ditadura militar a partir de 1964, onde o jornal Voz Católica e a Rádio Educadora eram verdadeiras forças de resistência, onde vários missionários tiveram que deixar o país, movidos principalmente pela defesa da causa dos desfavorecidos pelo novo regime de então. Entre eles, destacam-se os padres Gaetano Maielo e Domenico Bottan.
O Pime se notabilizou pelo trabalho pioneiro na educação através das escolas, na saúde através dos trabalhos de assistência médica aos interioranos e, sobretudo, na promoção social do habitante do Estado, onde vários nomes figuram como patronos de escolas (Dário Salvalaio) e ruas (Vitório Galliani e Carlos Bassanini), além de centros comunitários (José Maritano).
As Primeiras Paróquias
Precedendo à Prelazia de Macapá, as paróquias começaram a surgir a partir de 1752, fruto de um trabalho missionário intenso dos jesuítas, franciscanos e capuchinhos. Assim, a primeira paróquia que antecedeu ao surgimento da Vila de São José (1758) foi criada com o nome do futuro padroeiro e surgiu em 1752.
A paróquia de São José de Macapá foi fundada pelo bispo do Pará, Dom Frei Miguel de Bulhões e Souza. O primeiro vigário, padre Miguel Ângelo de Morais, jesuíta, chegou em 28 de janeiro. Nessa época, a paróquia estava subordinada ao Maranhão. Miguel Ângelo permaneceu por longo tempo em Macapá, ajudado pela Coroa Portuguesa que lhe dava, anualmente uma contribuição de 80 mil réis. A necessidade de se construir uma igreja de grande porte na povoação, para que se pudessem centralizar melhor os serviços da Paróquia, inspirou no jesuíta Miguel Ângelo que, através de insistentes pedidos, sensibilizou o governador Mendonça Furtado, que passou a pedir encarecidamente. 
Após pedidos insistentes, foi possível em 1758, no mesmo dia da criação da vila (4 de fevereiro), o lançamento da pedra fundamental da futura igreja de São José de Macapá, cuja inauguração se deu em 1761, três anos depois, com a presença do governador do Pará, Bernardo de Mello e Castro, por ordem do bispo de Belém D. Frei João Queiroz. A bênção oficial da Igreja se deu em 20 de março.
Dos vigários que por lá passaram, merecem considerações maiores os padres Francisco José Pereira (1787 a 1792), o amapaense Fernando da Costa Meninéia (1792 a 1800), Felipe Santiago de Vilhena (1842 a 1850), José Martins da Penha (1851 a 1855), Joaquim Manoel de Jesus (1855 a 1862), Cônego Estulano Alexandrino Baía (1870 a 1873), Orodico Mendes da Silva (1884 a 1862), Genésio Ferreira Lustosa (1887 a 1895) e Francisco Rellier (1903 a 1911). A partir de 1904, a paróquia de São José passa a pertencer à Prelazia de Santarém até 1950.
A partir de 1912 a paróquia passa a ser dirigida pelos missionários da Sagrada Família, tendo como primeiro vigário o padre José Maria Lauth (1912 a 1913), padre Júlio Maria de Lombardi (1913 a 1923) e padre José Berchold (1923 a 1932). O último dessa Congregação fica de 1932 a 1947, quando a partir daí a Igreja de Macapá passa a ser assistida pelos missionários do Pontifício Instituto das Missões (Pime)
A Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, em Mazagão, surge em 1845, tendo como patrona N. S. da Assunção (Mazagão Velho), muito embora essa localidade já tenha tido sua primeira igreja com residência anexa para o padre a partir de 1773, com parede de taipa, coberta de palha e piso de chão batido, excetuando-se o presbítero que foi soalhado.
Paróquia de N. S. da Conceição, no Bailique, foi a terceira a surgir no Amapá, em 1883 (3 de dezembro). O padre Genésio Lustosa foi seu primeiro vigário.
Paróquia do Divino Espírito Santo, Município de Amapá – Surge em janeiro de 1904, passando a pertencer inicialmente à Prelazia de Santarém até 1950. Se originou da construção de uma capela em madeira, edificada em 1880 pelo casal Antonio e Maria Antonia Principal, através de donativos que foram coletados pelo casal. O primeiro vigário da Paróquia foi o padre Feliciano Fusay, que governou até 1912, quando faleceu. Após sua morte, a paróquia ficou sendo governada pelo padre Ermano Elsink (MSF) cumulativamente com Mazagão. Em 1919 passou a ser atendida pelos padres de Macapá. Em junho teve início a construção de um templo para substituir o de madeira, construído em 1880, tendo sofrido várias reformas ao longo do tempo. Na nova construção, foram aproveitando os tijolos de uma fortaleza antiga que os franceses, no século anterior, tinham deixado inacabada, próximo à atual sede do município. Em 1922, o novo vigário, padre José Maria Lauth (MSF) reinicia a construção, que passou para o padre Felipe Blanke em 1930, mas ela só foi oficialmente inaugurada como Igreja Matriz em 28 de fevereiro de 1959, já na administração do Pime.
Outras paróquias – Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Santana, 1954), Nossa Senhora da Conceição (Macapá, 1959), Nossa Senhora das Graças (Oiapoque, 1959), Nossa Senhora de Fátima (Macapá, 1964), Nossa Senhora do Brasil (Porto Grande, 1964), São Benedito (Macapá, 1964), Nossa Senhora dos Navegantes (Região das Ilhas, 1974), Sagrado Coração de Jesus (Macapá, 1978), São Pedro (Macapá, 1978), Nossa Senhora de Fátima e Santos Ambrósio e Carlos (Santana, 1979), Cristo Libertador (São Joaquim do Pacuí, 1982) e Santa Bárbara (Serra do Navio, 1983).
Prelazia de Macapá
Foi com os padres do Pime que surgiram a Prelazia e a Diocese de Macapá. A Prelazia foi criada em 1 de fevereiro de 1949, pelo papa Pio XII, com a bula Unius Apostolicae Sedis. Isto aconteceu com o desmembramento da Prelazia de Santarém. A instalação se deu em 30 de março de 1950. Nesta mesma data, a então matriz de São José é elevada a Catedral. Quem oficializou o evento foi o arcebispo de Belém, Dom Mário Miranda Villas Boas.
Os primeiros administradores da nova Prelazia foram, pela ordem, Dom Anselmo Pietrulla (administrador apostólico – 1949) e Frei Domingos Hermans OFM (vigário capitular de Santarém e Macapá – 1950). A partir daí, todos os administradores da Prelazia passaram a ser do Pime: Aristides Piróvano (1950 a 1956) e José Maritano (1956 a 1980).
Diocese de Macapá
A partir da Prelazia de Macapá, o último padre do Pime a governá-la foi o primeiro da nova Diocese: José Maritano (1981 a 1983). Ela foi criada pelo papa João Paulo II, com a bula Conferentia Episcopalis Brasiliensis, de 14 de novembro de 1980 e solenemente instalada por dom Vicente Zico, arcebispo de Belém, em 5 de julho de 1981.
No centro da cidade, o chamado quintal dos Padres era dividido em duas áreas por um grande barraco feito de madeira de lei, denominado Salão Paroquial Pio XII. Na parte maior ficavam os meninos, que eram mais numerosos. Na outra parte as meninas brincavam seguindo as orientações do Padre Lino Simonelli. Nos primeiros anos de atuação no Amapá, os sacerdotes italianos foram distribuídos pelos municípios então existentes e precisaram trabalhar bastante para fazer os católicos voltarem a frequentar a igreja.
Fontes consultadas:
- Navegador Brasileiro Weblog/O início das religiões no Estado do Amapá. Disponível em encurtador.com.br/hzL23;
-  blog Arambaé – Nilson Montoril
(Última atualização em 21/07/2018)

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