segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Cosme Esperidião do Nascimento Ramos - o servidor mais antigo em atividade na UNIFAP

Pioneiro Cosme Esperidião do Nascimento Ramos, formado em Artes pela UFPA, no Núcleo de Educação implantado na década de 70 no Amapá e embrião da futura Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). 
Cosme é considerado o servidor mais antigo em atividade na instituição e conhece a história dessa universidade como ninguém.
Macapaense, nascido em 18 de dezembro de 1955, filho do casal Manoel Esperidião Ramos - Carpinteiro Naval do Estaleiro do extinto Território Federal do Amapá  - 
e Angelina do Nascimento Ramos. Tem sete irmãos: seis homens e uma mulher.
Cosme passou toda sua infância no bairro do Laguinho, morador vizinho à sede do Grupo Escoteiro Veiga Cabral, onde passava maior parte.
Cosme considera os saudosos chefes escoteiros Humberto Dias Santos e Clodoaldo Carvalho do Nascimento, como as pessoas que muito colaboraram com a educação e formação dele. Atrás da sede tinha um campo de futebol, hoje ocupado pelo SEBRAE, onde os garotos aprendiam  a  jogar futebol. Lá perto ficava a residência do Mestre Oscar Santos onde chegou a estudar música. Havia também a LBA (Legião Brasileira de Assistência) que ministrava cursos de funileiro, encadernação e outros... Cosme conta que "atrás da Escola Industrial, funcionava a garagem do governo e onde a molecada, por curiosidade. aprendeu mecânica automotiva, sem saber que aquilo lhes garantiria um futuro. Tínhamos assim lazer, aprendizado profissional e formação cívica para nos tornarmos cidadãos de bem. E não eram projetos de inclusão social, com verbas públicas; eram iniciativas de cidadãos de bem que queriam dar um futuro aos jovens amapaenses".
"...quando o jovem terminava o ensino de 2º Grau, automaticamente já estava absolvido pelo mercado de trabalho, que naquela época era carente de mãos-de-obra." Antes de 1979, não havia concurso. "O governo aproveitava os que tinham alguma especialidade mínima".
Cosme conta ainda, que terminou seu primeiro grau em duas escolas Barão do Rio Branco e General Azevedo Costa e o curso de Secretariado no Colégio Comercial do Amapá. Começou a trabalhar no Núcleo de Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA) em 1973, que foi seu primeiro emprego e até hoje ele está lá. Destaca: "Comecei como serviçal, mas fui crescendo e valorizado pelas administrações que ali passaram e cheguei até Técnico Administrativo; não passei a ser professor, porque gosto do que faço na administração. Mas cheguei a lecionar".
Cosme diz que "era difícil o acesso dos jovens amapaenses ao curso superior, por que ele existia na vizinha Belém (PA) e as despesas eram grandes para manter um jovem durante cinco a sete anos na capital paraense. Porém os que foram não envergonharam esse rincão pátrio." Cosme conta que um dos baluartes para ajudá-los a acessar as faculdades paraenses foi o Professor João Brazão da Silva, que chegou à reitoria da UNIFAP. "Ele trabalhava o aluno para fazer o vestibular no Pará e todos os que frequentavam o seu cursinho passavam de primeira. O Amapá vivia e respirava educação, tudo era voltado para as escolas e os alunos. Em 1969 a Rede Globo de Televisão veio ao Amapá filmar o desfile escolar de 13 de Setembro, na Avenida FAB, que as escolas levavam para avenida uma aula de civismo e de conhecimentos gerais e isso repercutiu internacionalmente. Poucos se lembram disso".
Cosme Ramos relembra dos professores daquela época que muitos deles sendo "leigos" ou "autodidatas", davam tudo de si para ajudar os alunos. "O então Diretor de Educação, Geraldo Leite de Moraes e junto com a professora Maria Sá, recém chegada de um curso superior, montaram um projeto, para a criação de um Curso de Licenciatura e o entregaram ao então governador Ivanhoé Gonçalves Martins que abraçou a causa e em parceria com a UFPA, foi instalado o Núcleo de Educação no Amapá. Era um curso de extensão da universidade paraense que nos beneficiou a todos os mestres".
A trajetória desse núcleo superior no Amapá teve diversos apoios de pessoas que se tornaram essenciais para sua continuidade; uma delas foi o Padre Jorge Basile que cedeu salas do Seminário Diocesano de Macapá, ao lado da Igreja Jesus de Nazaré. "Foi no Seminário Diocesano que começou a ser formado o embrião da nossa UNIFAP. Ali se formou a primeira turma, que foi a de Matemática. Como o núcleo era para regularizar os professores que já atuavam, outros cursos foram ministrados. Em seguida o núcleo foi transferido para Escola Tiradentes, sob o comando do professor Leonil Amanajás; uma negociação levou os cursos para o IETA e depois para a Escola Maternal (hoje Emilio Médici), na Rua Cândido Mendes, ao lado da Rádio Difusora de Macapá; em seguida fomos para o Barão do Rio Branco, sob a égide da pioneira professora Guíta (Raimunda Mendes Coutinho). Em 1979 é que fomos para o local definitivo, no entorno do Monumento Turístico Marco Zero onde funciona até hoje. Em março de 1991 as aspirações dos estudantes amapaenses se concretizava, com o apoio do senador José Sarney, quando foi autorizada a criação e instalação da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), porém com reitores pró-tempores. Eles foram os professores Maria Alves de Sá, José Brazão; Antônio Gomes e Paulo Guerra entre outros".
Família - Foram dois casamentos de Cosme Ramos. 
"Eu levei uma sorte muito grande no meu segundo matrimônio; durante uma visita ao Pará, conheci em 1992 a jovem Vânja Nunes Vasconcelos, que trouxe para Macapá e estamos casados há 23 anos. Tive sorte, pois ela é formada em magistério e aqui chegando fez concurso estadual e ingressou na rede de ensino do Amapá".
No primeiro matrimonio Cosme teve dois filhos: uma filha que tem 23 anos e um rapaz que trabalha como projetista de construção e é artista plástico. E tem mais dois filhos no casamento atual e já é avô de uma menina de 1 ano e quatro meses.
Cosme Esperidião já tem tempo de serviço que lhe garante uma boa aposentadoria, entretanto, por conta da mudança da Lei, vai ter que esperar mais 8 meses, pois só poderá dar entrada na documentação a partir de julho de 2014, para se aposentar depois que completar 60 anos.

Fonte: Jornal Tribuna Amapaense com informações complementares do próprio biografado.



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