O saudoso jornalista Hélio Pennafort - com quem tive o privilégio de trabalhar e aprender muito, tanto na Rádio Difusora de Macapá, como na extinta e inesquecível Rádio Educadora São José de Macapá - entre outras publicações, escreveu as incríveis ESTÓRIAS DO AMAPÁ, com "descrições saborosas e passagens humorísticas do interior amapaense", como classificou Sônia Amaral, na apresentação do primeiro "Micro". A obra foi editada pelo Departamento de Imprensa Oficial, em 1984.
E foi de lá que extraímos o tema para o post de hoje, no Porta-Retrato, com as devidas adaptações e atualizações do texto original.
SIÁUDIO ASSUNÇÃO LEMOS - Um Comunicador Nato
Hélio inicia contando que por
muitos anos o comerciante SIÁUDIO ASSUNÇÃO LEMOS, cearense de Mecejana, alegrou
as noites da pacata cidade do Amapá, (distante mais de 208 quilômetros da
capital Macapá, no Estado do Amapá), com uma aparelhagem sonora que alguns sofisticados
já chamaram até de "Rádio
Amplificadora da Terra de Cabralzinho".
O Serviço de Alto-Falantes da Casa Nossa Senhora das Graças, era formado
por cinco projetores de som, instalados estrategicamente para levar para a comunidade
vizinha, músicas selecionadas, informações precisas e a publicidade comercial.
Segundo Hélio, Siáudio foi
para aquela cidade do norte do país, tentar a sorte como agricultor e
pecuarista. Descobrindo, entretanto, que a sua vocação era mesmo para o
comércio, Siáudio tratou de montar a primeira casa na Base Aérea do Amapá, então
bastante movimentada devido ao funcionamento de uma escola agrícola e ao maior
efetivo dos destacamentos da FAB e do Exército. Com o crescimento de seus
negócios ele foi ficando e de lá não saiu mais, nem pra sua terra natal.
Mais adiante Hélio destaca
que Siáudio Assunção Lemos era um cidadão alegre, estimado por todos, comunicativo
e adorava contar histórias dos tempos passados, quando iniciou uma criação de
perús ensinados e marrecas dançarinas.
Quando não estava em sua
função de locutor - atividade que levava muito a sério - Siáudio contava que
tentou no Amapá uma indústria de capão(*)
de peixe. E com essa conversa, certa vez, prendeu a atenção de um repórter do
"Jornal do Brasil", durante quase trinta minutos, expondo
minuciosamente a técnica que utilizava para castrar tucunarés, aruanãs e mesmo
a gurijuba do salgado.
Mas foi quando engajou no
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) que Siáudio, mostrou de fato, que
possuía qualidades suficientes para desenvolver a não muito fácil arte de
comunicar. Assumindo o setor de comunicação da Comissão Municipal do Amapá, passou
a elaborar programas diários, incentivando o aprendizado de adultos, por meio
de slogans do MOBRAL, ou saídos de sua própria imaginação, como este que diz: "um
lavrador instruído, produz uma farinha melhor".
Em
sua casa comercial havia de tudo que se pudesse pretender num lugar como o
Amapá: pilhas, refrescos, bilharito, pregos, remédios, etc...
Houve tempo em
que Siáudio vendia muita pílula de vida.
Finalizando
Hélio conta que, também nessa época Siáudio prestava bastante atenção aos despachos
de conhecida agência de notícias publicados nos jornais que amigos levavam de
Macapá. E tamanha foi a admiração cultivada pela Meridional e pela Sidney Ross,
que quando tocava o telefone nº 2 da arcaica rede que funcionava na cidade, o
influenciado cearense atendia ao chamado, com uma incrível associação de
entidades: "Serviço Meridional Sidney Ross Companhia Limitada, Siáudio
Assunção Lemos às suas ordens".
Até aqui foi o Hélio que contou.
Conte você também o que sabe sobre este grande personagem do Amapá.
Nota
do Editor: Se você conheceu Siáudo Assunção, deixe seu depoimento na caixinha
de recados, ou escreva um email - jolasil@gmail.com
- contando o que sabe sobre a atuação dele na "terra de Cabralzinho".
Texto
original de Hélio Pennafort, publicado em "Estórias do Amapá" editado pela Imprensa Oficial do Amapá, em
1984, devidamente adaptado e atualizado para o blog Porta-Retrato.
(*) Animal castrado, que se põe
para engordar.
Édi Prado - Caminhoneiros, técnicos agrícolas, professores, policiais e pescadores foram os principais personagens que conviveram com ele por muitos anos. Histórias são inúmeras. Ao lado do único hotel da cidade na época, todo viajante era obrigado a conhecer SIÁUDIO ASSUNÇÃO LEMOS. A "estação" da rádio dele ficava bem na ilharga do hotel. Se áudio, tinha que ser Siáudio. Vamos estimular as pessoas a registrar esses fatos.
ResponderExcluirAgradeço ao blog porta retrato e ao saudoso Hélio Pennafort pela fiel narração dos fatos. Siaudio Assunção Lemos era meu bisavó.
ResponderExcluirQuando faleceu eu tinha 10 pra 11 anos. são muitas lembranças nostálgicas.
Gostaria de saber mais sobre Siaudio Assunção Lemos,que provalvemente seja meu tio.Meu pai(Francisco Assunção Lemos),falava muito sobre um tio que morava em Amapá e era comerciante.Meu pai batizou meu irmão mais novo com seu nome,moro em itaitinga/ce,próximo a cidade de messejana.
ResponderExcluirÉ muito gratificante ver a história da minha família, através do meu avô sendo contada. Tenho boas lembranças das férias que passei na casa dele em Amapá! Muito obrigada pelo carinho.
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