domingo, 6 de outubro de 2019

Foto Memória de Macapá: A SAGA DE UM VISIONÁRIO DESBRAVADOR NO AMAPÁ: SERVANDO LAGE

SERVANDO SELAS LAGE, nasceu dia 24 de janeiro de 1932, em Galiza/Espanha. Saiu do seu país durante uma guerra em que o governo obrigava jovens a lutarem, durante a ditadura do general FRANCO. Servando fugiu juntamente com um grupo de 6 jovens rumo à Venezuela, no entanto, no “meio do nada” o barco quebrou o motor, hastearam uma vela e seguiram à deriva em alto mar, quando uns pescadores os encontraram na costa do Amapá, só então descobriram que tinham chegado ao Brasil.
O desembarque na vila do Amapá se deu em 1949, pouco tempo depois da segunda guerra mundial; a cidade ainda fervilhava o vai e vem da base aérea, Servando, com 17 anos, sem falar português, aos poucos foi se integrando. Pouco tempo depois, se mudou para Macapá, se empregou na ICOMI (Indústria e Comércio de Minérios S.A.), conheceu uma mulher, professora, com quem namorou e lhe ensinou o português para em seguida retornar ao município de Amapá. Sua estadia na empresa não durou muito tempo.
Na chegada, conheceu dona Zuleide Silva Lage, com quem teve seis filhos; 5 homens e uma mulher. O casal passou a morar na comunidade de Piquiá. Dona Zuleide, fazia pamonha e Seu Servando foi para vila de Amapá, (cerca de 30 quilômetros em média) para comercializar a iguaria: plantava, cultivava, fazia farinha (tudo de meia e no terreno dos outros), aos poucos passou a “marretar” em “regatão”, para bandas do Lago Novo, batendo de porta em porta; quando não havia dinheiro nas residências, trocava suas coisas por outros produtos; a Farinha no paneiro virou especialidade, de modo que sempre tinha algo para comercializar. Quando não havia nada para comprar, ele aplicava injeções em quem precisasse, agia como enfermeiro, isto é, mais como uma pessoa atenciosa. Fazia de tudo visando o lucro com “honestidade”.
Em 1966/67, se mudou para Macapá, com toda a sua família, pensando em uma vida melhor para os filhos; vendeu tudo o que tinha juntado até aquele momento, comprou uma residência na avenida Duque de Caxias, comprou um caminhão (GMC), no tempo do Território Federal do Amapá. Servando, mantinha a sua vida de bater de porta em porta, fazer fretes, mudanças, transportando material de construção para obras, inclusive, para construção da hidrelétrica do Paredão. Servando comprou novos caminhões, depois teve uma frota de carros e máquinas, dando início à EMPRESA DE TRANSPORTES LAGES LTDA. Na cidade as coisas dando certo, ele por mais de uma vez resolveu voltar ao Amapá, agora como proprietário de terras, adquiriu gado e passou a ser criador de respeito por aquelas bandas. Constituiu patrimônio, mas se descuidou da saúde. Antes de chegar em Macapá, fez uma viagem a São Paulo, onde comprou confecções e na chegada vendia de porta em porta na capital Macapá, Santana e Serra do Navio, com a ICOMI no auge, ele não media distância para vender. Numa de suas idas à Serra do Navio, levou uma picada de um inseto que lhe causou uma enfermidade no fígado.  
Dia 15 de dezembro de 1990, faleceu em Belém do Pará aos 58 anos e seu corpo descansa em Paz, em Macapá.
Texto original de João Ataíde, transcrito do Blog “Alforria Amapá” e adaptado ao blog “Porta-Retrato”.

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