sábado, 4 de junho de 2022

MEMÓRIAS DA CIDADE DE MACAPÁ: TRAPICHE “ELIÉZER LEVY”

O VELHO TRAPICHE “ELIÉZER LEVY”

Por Alcinéa Cavalcante

O velho Trapiche Eliézer Levy, de muitas histórias, causos e lendas.

Nele atracavam embarcações de bandeiras de vários países e os gringos aproveitavam para tomar um sorvete, servido em taça de inox pelo famoso garçom Inácio, no Macapá Hotel.

Era desse trapiche que saíam os navios com destino a Belém. No final das férias iam lotados de universitários que voltavam para as faculdades (não havia ensino superior no Amapá).

Nas tardes de domingo o velho trapiche era a passarela da juventude. Depois da sessão da tarde nos cines João XXIII e Macapá os jovens iam como em procissão passear ali. Era um passeio obrigatório.

À noite era comum ver na ponta do trapiche um pescador solitário. Um pescador de peixes, ou de estrelas, ou de poesia ou de raios da lua.

A foto é do tempo em que ainda existia a tão cantada em verso e prosa “Pedra do Guindaste” de muitas lendas. Uns diziam que meia noite a pedra se transformava num navio de ouro maciço enfeitado com diamantes e esmeraldas. Outros contavam que era uma princesa encantada. E tinha gente que jurava ter visto “com esses olhos que a terra há de comer” a pedra se transformar em princesa quando o relógio marcava meia-noite em ponto.

Um dia colocaram a imagem de São José, padroeiro de Macapá, em cima da pedra. Pouco tempo depois um navio chocou-se com ela destruindo-a. 
No lugar foi construído um pedestal de concreto para São José, colocado de costas para a cidade, mas abençoando todos que aqui chegam pelo majestoso rio Amazonas.

A imagem do santo padroeiro é uma obra de arte do escultor português Antônio Pereira da Costa. Ele também esculpiu os bustos de Tiradentes (na Polícia Militar) e Coaracy Nunes (no aeroporto) e os leões do Fórum de Macapá (atual sede da OAB).

ATUALIZAÇÃO: 

Espaço na cabeceira do trapiche será expandido — Foto: PMM/Divulgação

De acordo com a Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana foi elaborado um novo projeto arquitetônico que prevê 4 pontos de observação inspirados nos baluartes da Fortaleza de São José de Macapá; o Trapiche Eliézer Levy, na orla do Rio Amazonas, passará por um processo de revitalização e ampliação.

O ponto turístico que foi fechado para reforma há pelo menos 6 anos, voltou a ser aberto em 2018 mas novamente foi interditado.

O governo do Amapá passou a responsabilidade do local para a prefeitura de Macapá em julho de 2021, por meio de um termo de concessão, com a autorização para o uso do espaço por 20 anos.

Trapiche Eliézer Levy, na orla de Macapá, no Amapá — Foto: Maksuel Martins/GEA/Divulgação

A obra integra o projeto Orla Viva, que prevê a revitalização de toda a frente da cidade.

Com o projeto será feita a reforma de toda a base já existente e do restaurante que fica na cabeceira, mas haverá novidades como a ampliação do deck, instalação de iluminação em "led" e píer que permitirá que pequenas embarcações atraquem.

Trapiche Eliézer Levi será reformado com arquitetura inspirada nos baluartes da Fortaleza de São José de Macapá — Foto: PMM/Divulgação

Será um espaço livre para feiras e eventos culturais.

Com a iniciativa, será possível reavivar a memória da população, que vê no trapiche a representação de parte da cultura e da história macapaense. (G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO AMAPAENSE > PROFESSORA MARIA CAVALCANTE DE AZEVEDO PICANÇO (In memoriam)

A professora Maria Cavalcante , assim como outras docentes, chegou a Macapá no início do Território Federal do Amapá . Em reconhecimento ao...