quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Waldemiro Gomes: "Um homem à frente do seu tempo"

(Foto: Reprodução de arquivo)
O Pioneiro Waldemiro Oliveira Gomes, nasceu em Belém, Estado do Pará, no dia 4 de dezembro de 1895. Fez seus estudos em Portugal e diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, especializando-se em Botânica Médica, Parasitologia, Química e Física Médica.
Em 1916, com apenas 21 anos de idade, passou a assessorar o eminente médico-cientista Dr. Gaspar Viana no Laboratório de Histologia e Química Bacteriológica do Rio de Janeiro.
Com a morte de Gaspar Viana, viajou para Portugal com seus pais e frequentou as escolas, obtendo certificados de especialização em Antropologia Científica e Fisiológica, Agricultura, Sericultura(estudo do bicho-da-seda), Apicultura, Extração dos Princípios Ativos Vegetais e Histologia dos Vegetais. Participou do III Congresso Sul-Americano de Química, realizado no Rio de Janeiro, apresentando trabalhos referentes aos timbós e produtos ictiotóxicos da Amazônia, recebendo menção honrosa, aprovada por unanimidade dos congressistas. Em 1916, assumiu a presidência da Companhia Nipônica de Plantio no Brasil; em 1917 fundou o Laboratório WOG com as iniciais de seu nome, em sociedade com o médico-biólogo Benedito Sá, pesquisou e conseguiu isolar o antiamarílico "Nitidina"; passou a integrar, junto com Benedito Sá, uma das equipes mundiais, formada pelo médico lnácio Castro, afim de  atenderem o SOS do governo norte-americano para obtenção de produtos da flora amazônica destinados à substituição do anímico(que pertence à alma); produziu no Laboratório WOG concentrados xaroposo de frutas da Amazônia, ressaltando o do "buriti" e "tucumã" pelo maior teor de vitaminas; possuía um mostruário elucidativo das doses do guaraná, da fabricação de refrigerantes e obtenção do amido extraído de árvores produtoras de fibras; possuía também um mostruário de ampolas de óleo alcanforado, preparado com puríssimo óleo de "patuá", Foi o primeiro no Brasil a industrializar a cafeína extraída da fuligem das chaminés de torrefação de café. Waldemiro Gomes foi autor de plantas e projetos para construção de balneários em Portugal; Diretor e Contabilista de vários hotéis; trabalhou em uma fábrica de laticínio. Retornando ao Pará, foi assistente particular do Dr. Paul Le Coant, Diretor da Escola de Química e do antigo Museu Comercial do Pará. Novamente com Benedito Sá, foi o primeiro no Norte do Brasil a fabricar anódios de ferro para soldagem; o primeiro a fabricar livros de borracha. Chegou ao Amapá, em 1935, conseguindo, através de decreto presidencial, licença para explorar cassiterita, tantalita e columbita, pioneiro em Macapá; autor do primeiro mapa assinalando a ocorrência de minérios na região do Amapari, catalogando 79 igarapés, trabalho esse executado em dois anos, sem qualquer ajuda de terceiros. A Companhia de Mineração, montada em 1935, chegou a movimentar 200 garimpeiros, mas teve de desativá-la por terem sido sabotadas e destruídas suas máquinas e aparelhos. Foi obrigado a vender todas os haveres da companhia, inclusive a concessão do terreno às margem do rio Amapari, organizando em seu lugar um modelar aviário. Recebeu convite do governo para orientar a montagem do Museu Industrial de Macapá, assumindo a Superintendência do Museu Joaquim Caetano da Silva, onde arrebanhou mostruários de madeiras, minerais, fibras, óleos industriais. Enriqueceu o museu com todo o material de suas pesquisas exploradas pelo laboratório WOG, sobre a genética das plantas medicinais e estudos dos minerais. Seus últimos dias foram passados no Museu Industrial, causando estranheza ao gerente do Hotel Macapá, onde se hospedava há vários anos. A equipe que trabalhava com Waldomiro se espantava ao ver aquele senhor de cabelos brancos, trabalhando sem parar, principalmente, o jovem Sacaca que convivera com ele durante tantos anos. Na realidade, o Sacaca foi um servidor dedicado e respeitava seu mestre e amigo. O falecimento do doutor, professor e cientista Waldemiro Gomes ocorreu no ano de 1982, quando completava 87 anos de existência. Seu corpo jaz no cemitério Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá, sempre lembrado pelos amapaenses.
Fonte: Livro "Personagens Ilustres do Amapá" Vol. II de Coaracy Barbosa, edição de 1998.

4 comentários:

  1. Eu lembro da professora Zenar e do Senhor Waldomiro, eram amigos de meus pais Isaac e Clemencia. Eles sempre nos convidavam para ir almoçar com eles, a professora fazia um frango com arroz que todos adoravam. O Senhor Waldomiro conversava muito com meu pai sobre a flora do amazonas, as madeiras e as possibilidades do crescimento do Amapá. E eu ficava escutando....Sarah Zagury

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  2. Eu posso confirmar tudo isso! Como afilhada de sua filha Iolanda convivi com ele e sua família durante parte da minha infância. Lembro-me muito bem que era muito educado e higiênico, tinha um jeito paternal e um olhar tão carinhoso e profundo. Tinha 5 anos quando ele ensinou-me a sentar-me à mesa e comer de talher, lia histórias para mim, explicava sobre a temperatura do solo, falava muito sobre a natureza que até então eu não sabia nada, passeava comigo pelo quintal de sua casa, quintal esse, que nunca consegui ver onde terminava. Eu, meus pais e minhas irmãs somos muito gratos ao vô Valdemiro e a vó Zenar por tudo que vivemos juntos.
    Ivete Ataíde da Paixão Borges

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  3. Conheci o ilustre cientista quando cheguei em Macapá em 1976. O museu funcionava em uma das dependências do Hotel Macapá.

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  4. Minha mãe confirma tudo o que foi relatado aqui nos comentários, pelos relatos de minha avó Maria Creusa que conviveu com seu Waldemiro e também pôde aprender muitas coisas, inclusive um pouquinho de francês, pois ele era muito educado e conhecedor de várias línguas. Ela era empregada doméstica na casa de dona Zená. Ela sempre falava como era trabalhar na casa deles. Senhor sempre higiênico, os lenços dele eram branquinhos e doradinhos, humilde, e sempre disposto a ajudar e ensinar. Minha avó Maria Creusa ja é falecida.

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