sábado, 13 de abril de 2013

ESPECIAL: "Alberto Gravador veio passear e ficou em Macapá"

(*) por Édi Prado
O tempo passou e foi modificando o cenário do centro comercial de Macapá. Mas cada quadro, cada imagem, os nomes das casas e como era o centro, ainda está vivo na memória de Alberto Lima Ramalho ou Alberto Gravador.
Ele nasceu no dia 1º de março de 1940, em Fortaleza (Ce). Filho dos agricultores, Joaquim Ramalho Filho e Zilda Lima Ramalho. Eles tiveram 16 filhos e Alberto trabalhou junto com os irmãos ajudando os pais desde os 11 anos. Na cidade ele ficava observando os gravadores de caneta, isqueiro, troféus, relógios, cordões, pulseiras e outros objetos de valor, com o nome de pessoas. 
Ficava horas vendo “aquela arrumação”. Embora não tivesse tempo para dedicar-se aos estudos, aprendeu a ler a escrever. Foi trabalhar em lojas que vendiam canetas, relógios e outros objetos, alvo da “cobiça profissional”. De tanto olhar ele aprendeu o ofício. Adquiriu logo a ferramenta para fazer os primeiros riscos. 
Precisava aperfeiçoar a caligrafia. “Fazer letras bonitas era a consagração. Foi quando comprei o livro Sempre é Tempo, do professor Antônio de Franco e este livro de caligrafia era tudo que eu precisava”. Sou autodidata, relembra Alberto Gravador, apelido herdado da profissão. Saiu gravando pelo nordeste. 
Saiu do nordeste e foi tentar a vida nova em Belém do Pará. E veio acompanhado da esposa, Etelinda Freitas Ramalho. Casaram-se em 1960. “Estamos juntos até hoje. Não tivemos filhos. Meu pai gastou toda a ‘sustança’ com os 16 filhos” brinca. Em 1962 veio passear, ficar uns 10/15 dias em Macapá. No retorno à Belém, vendeu o que tinha e mudou-se de mala e cuia para Macapá em 1963. “E já estou aqui há 50 anos”, comemora. 
Para começar a vida, montou um arremedo de armarinho no Bar du Pedro, no Mercado Central e foi diversificando as atividades e gravando frases, nomes e datas e até escrevendo nomes de pessoas em diplomas e outros objetos. Aqui era tudo diferente, narra.
“A minha casa, oficina e loja, que fica na Coaracy Nunes, 55 desde quando aqui cheguei, ficava num ‘gapó’ entre pontes. Este centro todinho era de ponte. A água fazia parte de quase tudo aqui” fala, apontando para “a área que começa na Fortaleza de São José até passando a Rua São José”, relembra. “pra você ter uma ideia, em 1963 só haviam oito carros de praça”. 
“Macapá era uma ‘fartura’. Faltava tudo e era fila para comprar até um quilo de alimentos. Vivemos momentos difíceis em Macapá. Mas hoje a cidade está uma beleza, começando a se transformar numa metrópole. Eu me sinto bem aqui. Conheço muita gente”. 
“Sei de muita coisa daqui. Eu vi, por exemplo, aquele incêndio na década de 70, que destruiu quase todo o comércio” vangloria-se. “Estou com 73 anos e só me sinto velho quando adoeço”. Gaba-se.” Diz pro Janjão, referindo ao radialista pioneiro, João Lázaro, que estou com saudade dele e quando vier a Macapá que me procure. “Estou no mesmo lugar”, convida Alberto Gravador. (Édi Prado)
Fonte: Entrevista e texto do jornalista (*) Édi Prado (Direto de Macapá – via e-mail - especial para o “Porta-Retrato”)
                                                                        Fotografias: Édi Prado

2 comentários:

  1. Édi Prado - O Janjão pauta e como somos filhos da pauta, executamos a missão.Não existe remuneração, mas existe uma imensa alegria em saber que estamos contribuindo para imortalizar as pessoas que ainda fazem parte da nossa história. Pessoas simples, mas muita gente participou dela e tem saudáveis lembranças.Ainda vamos fazer muita coisa juntos.

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  2. Belíssimo texto. Serviu até de base para o seu perfil na obra COMÉRCIO DO AMAPÁ, A HISTÓRIA, que estou produzindo. Legal a vida do ALBERTO. Me lembro dele desde pequeno rsrsrs

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