Por Expedito Leal
O rádio esportivo de Macapá em tempos idos tanto recebia
valores de Belém como igualmente fornecia talentos para as emissoras da capital
paraense.
Naquela época remota, Júlio Sales, um dos mais longevos
locutores em atividade no rádio cearense, foi o primeiro a deixar Belém para
atuar na Difusora do então território federal. Ele já passara pela Marajoara e
Clube e em Macapá na segunda metade da década de 1950, além de narrador de
futebol, era animador de auditório, repórter de rua e nas horas vagas também
ator de novelas. Há quase seis décadas, Júlio que por muitos anos foi o titular
da extinta e prestigiosa Uirapuru de Fortaleza, passou por outros prefixos
alencarinos até se fixar na Assunção. Onde também atua o filho Mário Sales, que
se iniciou, tal como o pai, no rádio de Belém.
Outro que teria rápida passagem pela mesma Difusora, foi o saudoso José Simões, igualmente como Júlio, um narrador principiante na Rádio Clube.
Outro que teria rápida passagem pela mesma Difusora, foi o saudoso José Simões, igualmente como Júlio, um narrador principiante na Rádio Clube.
Não foi muito demorada também, a permanência de Carlos Cidon no começo
dos anos 60 na extinta Equatorial de Macapá.
Inversamente à “exportação” de narradores, vindo da capital
do hoje estado do Amapá, chegaria em 1958 João Álvaro, paraense, mas que
trabalhou por algum tempo no IBGE de Macapá e em Belém chegou ao cargo máximo
de gerente do órgão federal. Revelou-se um excelente repórter, ainda que sendo
uma pessoa de temperamento calmo, sem ser, no entanto, retraído, mas sempre
antenado à notícia. Durante muito tempo apresentou uma sequência dentro do
programa O Cartaz Esportivo –O Fato do Dia – no final da tarde. Tinha sempre
uma entrevista factual gravada ou ao vivo para oferecer aos ouvintes. Era um
entrevistador de perguntas objetivas, mas sólidas no conteúdo.
No gramado, com
o famoso BTP (aparelho comprido com uma antena e um microfone acoplados e com
uma nitidez de som excelente) enfrentava a concorrência à altura de Abílio
Couceiro pela Marajoara. Se equivaliam. Até na leveza vocal.
Depois que João Álvaro assumiu a chefia do IBGE, afastou-se
do rádio e só eventualmente comentava jogos pela Marajoara, quando Carlos
Castilho, o comentarista titular, tinha que se ausentar de Belém por força de
seu emprego na Petrobrás. Pois para substitui-lo, com rara simetria, tanto na
voz de timbre baixo, mas dotado de bom improviso e sendo um repórter diligente,
outro bom valor do rádio macapaense aportou em Belém.
Guilherme Jarbas, que pertencia à Difusora, passou a
substituir João Álvaro no Fato do Dia. Ele também era narrador, embora fosse
melhor na função de repórter.
Quase ao mesmo tempo (1970) surge em Belém o garotão
Guilherme Pinho dotado de boa voz e dicção clara, além de fácil expressão
verbal. Ele fora revelado pela terceira emissora de Macapá, a Educadora São
José. Explodiu rapidamente na Marajoara e sem tanta demora foi contratado pela
Clube. Que naquele tempo sentira muito a saída de Cláudio Guimarães para a nova
equipe da Liberal. Pinho, porém, talvez pela própria idade, era um tanto
amolecado, comportamento que destoava na equipe chefiada pelo mítico e
disciplinador Edyr Proença. Empolgado pela fama que rapidamente viu aparecer,
ele se transfere para a nova equipe da Liberal onde já estavam entre outros
nomes de peso além de Cláudio Guimarães, Jayme Bastos, Grimoaldo Soares, Luiz
Solheiro e ainda o plantonista Bellard Pereira.
Em pouco tempo, porém, Guilherme Pinho estava saindo da
Equipe Legal e sem mais ambiente em Belém, transferiu-se para Fortaleza onde
trabalhou em várias emissoras, deixou o microfone esportivo e passou a
apresentar um programa político em uma das rádios AMs. Depois de formado em
Direito trabalhava na assessoria jurídica da Câmara Municipal. Teve morte
trágica – foi assassinado – no início do novo século.
De toda essa gama de valores amapaenses, o mais famoso,
entretanto, não veio para Belém.
O competente narrador Guioberto Alves preferiu
aceitar a tentadora oferta financeira da então poderosa Rádio Difusora do
Maranhão e foi substituir Walbert Martins, o popular “Canarinho”, hoje com mais
de 80 anos, embora não mais transmitindo o futebol, e que se transferiu para a
Timbira, a grande concorrente da Difusora em São Luis. Guioberto chegou e
conquistou a audiência logo de cara. Tinha voz agradável, pronuncia esmerada e
ainda era bem articulado. Nesse tempo eu ouvia muito as emissoras maranhenses
através das ondas curtas. Morreu de um acidente quando retornava de Teresina em
um jipe juntamente com Herbert Fontenele (recentemente falecido). Sua morte foi
uma consternação na capital timbira. Mereceu até honras de estilo por parte de
todo o rádio timbira. Atuou por cerca de uma década na Difusora (1963/72).
A emissora teve muitas dificuldades para encontrar seu
substituto e recorreu até ao rádio paulista sem conseguir êxito, tamanha era a
maciça audiência dos ouvintes identificados com o estilo de Guioberto. Um dos
melhores do Norte de todos os tempos.
(*) Jornalista e
radialista paraense editor do blog
Ponta de Gol
Fonte: Texto e Fotos Blog Ponta de Gol