sábado, 13 de dezembro de 2025

MEMÓRIAS DO LARGO DOS INOCENTES - FORMIGUEIRO – PARTE 10 – AURINO BORGES DE OLIVEIRA – O ADMINISTRADOR, O VISIONÁRIO E A HERANÇA HISTÓRICA

 Continuando nossa série de homenagens aos pioneiros do Largo dos Inocentes, vamos conhecer hoje a história de Aurino Borges de Oliveira (1917-1976), nosso décimo e notável homenageado. Sua trajetória não apenas enriqueceu o comércio local, mas se insere em uma linhagem de serviço público que marcou a história de Macapá.

Nascido em 28 de março de 1917, em Macapá, que na época pertencia ao estado do Pará, Aurino Borges de Oliveira destacou-se em dois campos cruciais para o desenvolvimento da capital: a administração pública e o empreendedorismo.

O Administrador Comprometido do Coração da Cidade

Aurino Borges de Oliveira dedicou vários anos de sua vida à gestão do Mercado Central de Macapá, atuando como um de seus administradores. Este cargo exigia dedicação e comprometimento excepcionais, pois o Mercado Central sempre foi o principal ponto de abastecimento e o grande motor comercial de Macapá. A gestão eficiente deste espaço por Aurino contribuiu diretamente para o ordenamento e o cotidiano da cidade.

Ao lado de sua esposa, Maria José da Silva Barbosa, ele construiu uma grande família, sendo pai de doze filhos, demonstrando a mesma dedicação e compromisso na vida pessoal quanto na pública.

Padaria São José: O Aroma do Pioneirismo

Além do serviço público, Aurino Borges de Oliveira revelou-se um empreendedor visionário. Foi ele o proprietário da tradicional Padaria São José (conhecida, na época, como Padaria do Sandó, irmão dele) uma das primeiras padarias a se estabelecer no centro de Macapá. Em uma época em que a cidade estava em franca expansão e consolidação, a Padaria São José não apenas supria a demanda por pães e quitutes, mas se transformou em um símbolo de progresso e tradição, sendo um estabelecimento que, nas palavras da época, "marcou época na história da cidade".

A Linhagem do Serviço Público: Filho do Intendente

A importância de Aurino Borges de Oliveira reflete também a de sua ascendência. Aurino era filho do lendário Intendente Ernestino Borges.

Antes que o cargo de Prefeito fosse instituído, o município de Macapá era liderado pelo Intendente, a maior autoridade do Executivo local. Ernestino Borges ocupou essa posição de comando entre 1921 e 1922, em um período fundamental para a definição do futuro urbanístico e administrativo de Macapá.

O Intendente Ernestino Borges é uma figura tão central na história da capital que seu nome foi imortalizado em uma das vias mais importantes e extensas da cidade: a Avenida Ernestino Borges.

Ao honrar a memória de Aurino Borges de Oliveira, celebramos o legado de uma família que contribuiu de forma indelével para Macapá, desde a administração política e o traçado urbano (com o Intendente Ernestino Borges) até o desenvolvimento comercial e a memória afetiva de seu centro (com Aurino Borges de Oliveira e sua Padaria São José).

O Largo dos Inocentes é, sem dúvida, um palco onde a história dos Borges de Oliveira floresceu e continua viva em nossa memória.

Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.

Fonte memorial: Filha - Maria José Aurino - 2025

Registro fotográfico de @paulotarsobarros.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

MEMÓRIAS DO LARGO DOS INOCENTES - FORMIGUEIRO – PARTE 9 – JOSÉ ROSA TAVARES: O PIONEIRO DA CALIGRAFIA E DA HONESTIDADE

No coração pulsante do Largo dos Inocentes - Formigueiro, em Macapá, ergue-se agora a nona homenagem a uma figura que personifica o pioneirismo amapaense: José Rosa Tavares.

Homem de caligrafia impecável, cujas letras traçadas à mão carregavam a precisão de um artista e a confiança de um servidor público, Tavares foi o artífice manual das folhas de pagamento da Prefeitura de Macapá, quando o Amapá ainda era Território Federal. Em tempos em que máquinas ainda eram sonho distante, sua pena era o elo entre o suor do trabalhador e o dever da administração.

Convocado pelo prefeito Heitor de Azevedo Picanço, José Rosa não foi escolhido ao acaso. Sua honestidade inabalável, o capricho em cada traço e o zelo incansável pela tarefa pública o elevaram a essa responsabilidade nobre. Reservado em sua essência, mas de coração aberto aos amigos, ele transformava as noites no calçadão em frente à sua casa — na icônica esquina da rua Mendonça Furtado com Tiradentes — em rodas de prosa genuína. Ali, sob o céu estrelado do Amapá, os temas fluíam como o rio próximo: a roça fecunda, a caça desafiadora e a pesca generosa, tecendo laços que uniam a comunidade em simplicidade e cumplicidade.

Casado com Maria do Carmo Tavares, a inesquecível Dona Mariquinha — mulher de generosidade sem medidas e acolhida farta —, José Rosa construiu uma família exemplar. Dos 12 filhos criados com afeto e princípios sólidos, brotou um legado que transcende gerações: o serviço à comunidade, a modéstia como virtude e o afeto como herança eterna. No Largo dos Inocentes, sua memória agora se eterniza, convidando-nos a refletir sobre os pioneiros que, com mãos calejadas e espíritos retos, forjaram os alicerces de Macapá.

Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.

Fonte memorial: João do Carmo Tavares, bancário e filho de José Rosa Tavares – depoimento em 2025.

Registro fotográfico de @paulotarsobarros.

domingo, 7 de dezembro de 2025

MEMÓRIAS DO LARGO DOS INOCENTES - FORMIGUEIRO – PARTE 8 - BENEDICTO ANTÔNIO TAVARES: MESTRE E FIGURA DE PRESTÍGIO NA MACAPÁ ANTIGA


 Nascido em 9 de janeiro de 1868, Benedicto Antônio Tavares recebeu o nome em homenagem a São Benedito, santo de forte devoção popular na Amazônia. O sobrenome Tavares, herdado do pai, acompanharia uma trajetória marcada pelo respeito público, pela ligação com a elite local e por uma atuação comunitária que ecoa até hoje na memória de Macapá.

Casado com Quitéria Rosa Tavares, Benedicto construiu um núcleo familiar que seria, ao mesmo tempo, tradicional e profundamente ligado às raízes da cidade. Do casamento, vieram os filhos Maria Rosa Tavares de Almeida e José Rosa Tavares. Também foi pai de Norberto Tavares, ampliando uma linhagem que se entrelaça com a história social da capital amapaense.

Reconhecido como uma das figuras de destaque na Macapá do final do século XIX e primeiras décadas do XX, Benedicto integrou a elite local não apenas por sua posição social, mas pelo papel que desempenhou no serviço público. Exerceu as funções de oficial de justiça e intendente municipal, cargos que exigiam responsabilidade, senso de justiça e articulação com a vida política e administrativa da época.

Entretanto, sua contribuição mais marcante talvez tenha vindo do ambiente doméstico. Em sua própria residência, Benedicto abria as portas para exercer uma vocação que o aproximava diretamente da comunidade: alfabetizar crianças, jovens e adultos, ensinando leitura, escrita e, especialmente, “a fazer conta”, expressão tão comum no vocabulário cotidiano de então. Era um mestre informal, cuja casa se transformava em espaço de aprendizagem para aqueles que tinham pouco ou nenhum acesso à educação regular.

Esse gesto simples e contínuo — ensinar — conferiu a Benedicto um lugar especial na memória coletiva. Ele representava não apenas o homem público, mas o educador comunitário, figura que ajudava a moldar futuros e a disseminar conhecimento em uma Macapá ainda em formação, com poucos recursos escolares e forte dependência da iniciativa de cidadãos comprometidos com o bem comum. 

Benedicto Antônio Tavares faleceu em 25 de setembro de 1941, deixando um legado de serviço, respeito e educação transmitida de forma generosa. Sua história permanece viva como parte do patrimônio humano que construiu a Macapá do passado e alimenta a identidade da cidade atual.

Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.

Fonte memorial: Bisneta – Maria das Dores do Rosário Almeida – 2025

Registro fotográfico de @paulotarsobarros.

sábado, 6 de dezembro de 2025

MEMÓRIAS DO LARGO DOS INOCENTES - FORMIGUEIRO – PARTE 7 - LEMBRANÇAS DE TIA URSINHA

 
TIA URSINHA

Ursula Evangelista da Costa Cecilio 

(1915–2005)

Entre as figuras que moldaram a identidade afetiva e cultural do Largo dos Inocentes, no tradicional Formigueiro, nenhuma presença é tão lembrada quanto a de Tia Ursinha. Nascida em 25 de abril de 1915, Ursula Evangelista da Costa Cecilio tornou-se, ao longo do século XX, uma referência de fé, solidariedade e pertencimento comunitário, marcas que a fizeram permanecer viva na memória social de Macapá.

Pioneira daquela região emblemática da capital, Tia Ursinha não apenas testemunhou as transformações do bairro, mas participou ativamente de suas tradições. Devota e assídua nas celebrações religiosas, era figura certa nas festas, novenas e rituais que uniam os moradores e reforçavam o sentimento de vizinhança. Seu comportamento acolhedor e seu senso de compromisso com o outro fizeram dela um ponto de apoio para famílias inteiras que encontravam, em sua casa e em sua presença, um gesto de escuta e solidariedade.

Mais que uma moradora ilustre, Tia Ursinha tornou-se um símbolo de resistência cultural, preservando costumes e modos de viver que ajudaram a tecer a história do Largo dos Inocentes. Sua trajetória se confunde com a própria memória do território: a fé que professava, o cuidado com a comunidade e a dedicação à família refletem valores que permaneceram, mesmo após sua partida, em 1º de julho de 2005.

Hoje, recordar Tia Ursinha é reconhecer a força das mulheres que sustentaram a vida social de Macapá, transmitindo saberes, valores e tradições às novas gerações. Sua lembrança permanece como um farol afetivo para todos que conheceram sua doçura e sua firmeza.

Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.

Fonte memorial: Neto – Sociólogo Evandro Milhomem (2025)

– Registro fotográfico de @paulotarsobarros.

MEMÓRIAS DO LARGO DOS INOCENTES - FORMIGUEIRO – PARTE 10 – AURINO BORGES DE OLIVEIRA – O ADMINISTRADOR, O VISIONÁRIO E A HERANÇA HISTÓRICA

  Continuando nossa série de homenagens aos pioneiros do Largo dos Inocentes , vamos conhecer hoje a história de Aurino Borges de Oliveira ...