Por Emanoel Jordânio
Construído em 1949, em Ilha de Santana, foi idealizado
pelo padre italiano Simão Corridori para abrigar filhos de famílias carentes
que residiam na região. O projeto de implantação dessa entidade deu-se através
de algumas visitas feitas pelo padre Corridori por localidades e vilarejos
ribeirinhos situados na região amazônica, onde o religioso concluiu a
necessidade de uma melhor “infraestrutura” com relação ao setor educacional do
povo rural, ou seja, a construção de grupos escolares ampliaria as
oportunidades de ensino.
Em abril de 1949, padre Simão Corridori fez sua
primeira visita à Ilha de Santana, onde realizou comunhão pascal, procissão e
novena, além de casamentos e batizados. A população da localidade chegava em 30
famílias espalhadas, contendo uma escola rural, uma casa de saúde e uma pequena
Capela, esta dedicada à Nossa Senhora de Sant’ Anna.
Um pouco afastado dessa povoação que o padre Simão
adquiriu uma extensa área de terras da Prelazia de Macapá, onde antes
funcionava a antiga Casa dos Padres da Sagrada Família, para ali dar início ao
projeto de construção do Orfanato “São José”.
Em 23 de julho de 1949, o jornal “Amapá”, em sua
edição 228, publica os Estatutos do futuro Orfanato “São José”, ainda em fase
de construção. Em 25 de outubro desse mesmo ano, padre Simão passa a residir
fixamente na Ilha de Santana, iniciando de imediato os trabalhos de adaptação
do local eclesiástico para o funcionamento da entidade. O local também era conhecido
pelos ribeirinhos de “Ponta do Pimental” ou “Santa Maria”.
No início do ano de 1950, já estavam construídos 04
prédios, onde funcionariam o ensino primário, o corpo docente, a cozinha (e a
cantina) e uma área para o lazer. Em março desse mesmo ano, 18 órfãos
desamparados foram trazidos para o Orfanato, iniciando os trabalhos de cuidados
pessoais e morais.
Não demorou para que o local se tornasse uma “cidade”
de amparo aos órfãos carentes da região, chegando a acomodar 41 crianças em
1952.
Através desse trabalho de amparo que, em 24 de
novembro de 1952, o Orfanato “São José” foi matriculado na Divisão de Educação
do Território Federal do Amapá, registrando-se no Conselho Nacional do Serviço
Social, sob o nº 3.806 desse dia.
Em dezembro de 1954, pelo menos 45 crianças já estavam
no referido Orfanato, o que obrigou o seu primeiro Diretor e fundador, Padre
Simão Corridori, a investir na instalação de máquinas de marcenaria, para a
produção de moveis, motivando na rápida ampliação de encomendas locais.
Com a lamentável morte de seu fundador (Simão
Corridori) – ocorrida em 09 de janeiro de 1957 –, o Orfanato passa a ser
dirigido pelo padre Mário Fossati a partir de 29 de julho do mesmo ano. Apesar
de um bom trabalho social e a expansão do local para acomodar novos internos,
padre Mário viu que a entidade sofria com a carência de recursos para continuar
com o tal trabalho.
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(Foto: Reprodução / blog Santana do Amapá) |
Em fevereiro de 1961, a Prelazia de Macapá envia o
padre Ângelo Biraghi para auxiliar o padre Mário nos trabalhos educacionais do
Orfanato, mas observa a carência de internos (que não chegavam a 15)
prejudicava a continuação dos trabalhos, o que levou a Prelazia a decidir pelo
desmantelamento do Orfanato, onde iniciou, em 04 de maio corrente, a venda dos
animais ali criados (gado, ovelhas, galinhas) e posteriormente das máquinas
agrícolas e marcenaria, embarcadas no navio “São Raimundo” e levadas para
Macapá.
Triste, o “irmão católico” Francisco Mazzoleni foi
testemunha da venda desse material do Orfanato, pois, via acabar em nada todo
seu trabalho ao lado do padre Simão Corridori desde sua implantação na Ilha de
Santana em 1949.
Em 1º de maio de 1962, o Bispo de Macapá Dom Aristides
Piróvano arrenda a última casa (um barracão), juntamente com o terreno, onde um
dia funcionou o Orfanato “São José”, para o barqueiro Amador Primavera da
Silva, apagando, assim, a trajetória de uma das primeiras entidades de ensino
da Ilha de Santana.
Texto de Emanoel Jordânio, postado, originalmente, na quarta-feira,
16 de junho de 2010,
no blog MEMORIAL
SANTANENSE, e reproduzido integralmente no blog Porta-Retrato.