Há momentos que o tempo não apaga — ficam guardados na alma, nítidos como se tivessem acontecido ontem. O Carnaval de 1985 foi um desses capítulos especiais da minha trajetória.
Naquele ano, o disco de Sambas de Enredo de Macapá foi gravado nos Estúdios Havaí, no Rio de Janeiro, reunindo cantores amapaenses e músicos cariocas sob a direção artística do talentoso Dominguinhos do Estácio.
Tive a honra
de integrar a comissão responsável pela produção, atuando como auxiliar de
Dominguinhos, que havia sido contratado pela Prefeitura de Macapá
para coordenar todo o projeto. Foram dias intensos de aprendizado, convivência
e encantamento com o universo da gravação profissional — um verdadeiro mergulho
na arte do som.
Na primeira
imagem, apareço sentado à mesa de gravação. Nesse momento, ouvíamos as matrizes
já gravadas e editadas do disco de Sambas de Enredo de Macapá — a etapa
final antes da prensagem. Um instante de escuta atenta, emoção e dever
cumprido.
Na segunda
imagem, registro outro momento marcante dessa experiência. O técnico de som,
com toda a paciência e generosidade, me explicava o funcionamento dos
equipamentos de gravação, mixagem e edição das músicas. Foi um aprendizado
valioso, que levo comigo até hoje, não apenas pelo conhecimento técnico, mas
pela beleza do encontro humano e pela partilha de saberes.
Essas duas
imagens, guardadas com carinho no meu acervo de memórias, me transportam de
volta àquele estúdio, ao som das fitas girando e às vozes que ecoavam com tanta
emoção. Foram dias que moldaram não apenas um disco, mas também parte da minha
história e do amor que carrego pela música e pela cultura do Amapá.
Imagens:
Arquivo Pessoal de João Lázaro