terça-feira, 31 de maio de 2022

MEMÓRIA DA MACAPÁ ANTIGA: ACIDENTE AÉREO

Com a devida vênia de seu autor, tomo a liberdade de compartilhar com os leitores do blog Porta-Retrato, um texto de Nilson Montoril, narrando um fato acontecido na Macapá de outrora.

UM INTRIGANTE ACIDENTE AÉREO

Nilson Montoril

Numa manhã do mês de julho de 1957, estando de férias escolares, fui encarregado de comprar pães na Fábrica Amapaense, cujo prédio estava erguido onde hoje funcionam a Loja Domestilar de frente para a Rua Tiradentes. Ao lado, anos depois, surgiu o segundo prédio da Caixa Econômica Federal. A cidade de Macapá, ainda pequena, praticamente dormia. Ao me aproximar da Av. Coriolano Jucá vi que muita gente corria em direção da Av. Iracema Carvão Nunes, no sentido do aeroporto. Abelhudo como todo moleque, comprei 2 pães comuns e fui bisbilhotar o que havia acontecido. Ao chegar em frente ao escritório da ICOMI, observei a presença de um avião do Lóide Aéreo parado no meio do terreno onde estavam sendo cavadas as valas para o alicerce da Galeria Comercial. O aparelho parou no ponto que, depois, abrigou a primeira sede própria da Caixa Econômica. Era um reboliço danado. Na porta da aeronave apareceu um homem grandalhão, que só pronunciava pornografia bem cabeludas, de fdp pra cima, e acusava o piloto de ter arrebentado com o seu "culhão". Imediatamente o reconheci, haja vista que ele era muito conhecido. Tratava-se do Senhor Tibúrcio, comerciante e pecuarista, que tinha feito uma cirurgia de hidrocele, em Belém. De dentro do avião vinha um canto religioso. Eram vozes das moças da irmandade Filhas de Maria, capitaneadas por freiras de Congregação Nossa Senhora Menina, que tinham ido a Belém, participar de um evento importante. Como os aviões DC-3 eram altos na frente, a subida e descida dos passageiros ocorria com um uso de uma escada apropriada, coisa que não havia por perto. Arranjaram uma estreita escada de madeira em precárias condições. O artefato quase não alcançava a porta do avião. O primeiro candidato à descida foi Seu Tibúrcio. No que ele botou o pé no degrau a peça estalou. O homem recuou e bradou um paneiro de nomes feios. Voluntários e amigos convenceram Seu Tibúrcio a aguardar a chegada de outra escada. Somente assim foi possível os demais passageiros desembarcarem. O acidente ocorreu porque havia chovido bastante de madrugada e a pista de pouso da antiga Panair do Brasil, que era revestida de capim estava muito lisa. Além disso, o piloto falhou no momento da aterrisagem e tocou o solo no trecho da pista paralela à frente ao Hospital Geral. Consequentemente, sobrou pouco espaço para o avião se deslocar. Assim, a aeronave rompeu a cerca de arame farpado da Rua General Rondon e avançou para a área que atualmente abriga o Tribunal de Justiça. O piloto manobrou o avião para o leito da Av. FAB, na época precaríssimo, e ganhou o rumo da Av. Iracema Carvão Nunes. Parou pertinho dela, porque as rodas atolaram nas escavações das obras da Galeria Comercial. A grande surpresa que eu tive foi ver minha irmã, Neyde Montoril, uma das moças cantoras, descendo a tosca escada de madeira.

Via Paneiro de Lembranças – Facebook

Fotos: Arquivo do blog e Pinterest

Nota do Editor:

Na época em que aconteceu esse acidente eu tinha 9 anos e morava na Av. Presidente Vargas nº 52 – próximo à Escola Normal (depois IETA).

Lembro bem da aeronave – modelo Curtiss C-46 Commando que tinha as cores da empresa - semelhante ao modelo que ilustra esse post. Apenas aeronaves desse modelo usado pelo Lóide Aéreo, voavam para Macapá. Os modelos Douglas DC-3 eram da Cruzeiro do Sul e do Correio Aéreo Nacional.

(João Lázaro – editor)

segunda-feira, 30 de maio de 2022

MEMÓRIA DA AVIAÇÃO AMAPAENSE: HAMILTON SILVA

Peguei esta FOTO MEMÓRIA, no Baú de Lembranças do amigo João Silva. 

“No registro histórico cedido pela família, o piloto Hamilton Silva, que era amapaense, curte um momento de descontração passeando de bicicleta pela Avenida Presidente Vargas na Macapá do finalzinho dos anos quarenta”.

O Piloto Hamilton Henrique da Silva nasceu em Macapá, no dia 9 de julho de 1925. Estudou na Escola Municipal com a professora Raimunda Mendes Coutinho (Guita) e concluiu seus estudos no Colégio Amapaense, em Macapá. Integrou a primeira turma da Escola de Pilotos Civis do Aeroclube de Macapá e foi brevetado (diplomado) em 1956. Ingressou no quadro de funcionários do ex-Território Federal do Amapá, na função de piloto de aeronaves. Era casado com a Sra. Maria Perpétua de Souza, com quem teve quatro filhos: Maria Heliete, Mário Hélio, Mário Hilton e Mary Heliete.

Hamilton Silva faleceu no pavoroso acidente aéreo ocorrido no dia 21 de janeiro de 1958, na localidade de Carmo do Macacoary, interior do Amapá, por ocasião dos festejos em louvor a São Sebastião.

No infausto acontecimento também faleceram o deputado federal Coaracy Nunes e o promotor público Hildemar Maia.

Hamilton Silva tem mausoléu (uma asa com manche) no Cemitério de N. S. da Conceição, no Centro de Macapá, localizado atrás da Nova Catedral.

Ele teve seu nome perpetuado numa das principais ruas de capital amapaense.

Foto: Arquivo pessoal da família de H.Silva

Fonte: Facebook

domingo, 29 de maio de 2022

UMA LENDA DO ESPORTE DO AMAPÁ: José Maria Gomes Teixeira, o Manga.

Manga nasceu em Macapá, no bairro central, no dia 17 de maio de 1947. Filho dos pioneiros Teófilo Domingos Teixeira e Perpétua Gomes Teixeira. O casal cearense chegou à capital amapaense  na década de 40, época da criação do Território Federal do Amapá, governo de Janary Gentil Nunes.

Manga tem uma importância muito grande para o futebol amapaense, como também no lado cultural, o Escotismo, e na segurança, com a Guarda Territorial.

O começo no futebol foi como guarda-metas (goleiro). O apelido "Manga", vem do grande goleiro do Botafogo e Seleção Brasileira, Haílton Corrêa de Arruda, o famoso Manga, que atuou nas décadas de 50, 60, 70 e 80.

Manga coleciona títulos por onde passou: Campeonato Amapaense e Copão da Amazônia. Como treinador atuou no Atlético Latitude Zero, Trem Desportivo Clube, Ypiranga Clube, MV-13, Amapá Clube, São José, União Esporte Clube, Independente Esporte Clube e Seleção Amapaense.

No dia 17 de maio de 2022, Manga completou 75 anos de vida.

Via Franselmo George - HISTÓRIA DO FUTEBOL AMAPAENSE (Facebook)

Foto: Blog  amapá esporte

domingo, 22 de maio de 2022

MEMÓRIA DA MACAPÁ ANTIGA: O BOTECO DO NECO BRITO

Por Nilson Montoril de Araújo

Um capricho do destino uniu duas almas que encarnaram em locais relativamente distantes. 

Anésio de Moraes Brito e Eliza Homobono Brito. Foto Arquivo pessoal

Ele, nascido no dia 11/11/1907, na vila do Igarapé Grande, arquipélago do Bailique. Ela despontou para a vida no município de Chaves mais precisamente na localidade Ciriáca, Ilha Viçosa, no dia 18/3/1916. Anésio, conhecido como Neco, pescava e criava gado. A notícia sobre a criação do Território Federal do Amapá o motivou a mudar-se para Macapá, em busca de melhor condição de vida para a família, então composta por ele, Dona Eliza, que estava gestante (Cristina), o filho José e a filha Marluce. Corria o ano de 1944, e o governador Janary Nunes estava implantando seu governo. A mão de obra prioritária era composta por operários da construção civil, o que não era o ramo de Neco Brito. Com o dinheiro da venda de sua propriedade no Igarapé Grande, Neco Brito alojou sua trupe na canoa a vela “Titular” e veio para a capital do Amapá, decidido a abrir um boteco em área próxima a Fortaleza de São José. Com o passar do tempo, a área hoje cortada pela Av. Hélio Penafort, ganhou a denominação de “Baixa da Maria Mucura”. 

No limiar desse logradouro, teve início um arremedo de via pública denominada Fernando da Costa de Ataíde Teyve, que depois recebeu o nome Rio Maracá. 

Na esquina da mencionada avenida, com a Rua São José, em ponto bem concorrido,(em destaque amarelo) que atualmente abriga uma loja sortida, foi instalada a mercearia “Jesus, Maria, José”, título expressivo, mas relegado pelos fregueses, que preferiram rotular o empreendimento como “Boteco do Neco Brito”. O imóvel em madeira, com dois pavimentos, (em destaque vermelho) no outro canto, era a Casa Califórnia. Na mesma fotografia, em primeiro plano, aparece a famosa. "Baixa da Maria Mucura".

Anésio continuou exercendo a atividade de pescador. Mostrou que o trecho do Rio Amazonas, na frente de Macapá é piscoso e tem excelentes peixes. Numa de suas pescarias, ele capturou uma bela piraíba (filhote) e decidiu oferecê-la ao governador Janary Nunes, que a aceitou e o declarou como pescador oficial. Progressivamente, a família do casal Anésio e Eliza foi crescendo. Na capital do Amapá, contando com a ajuda de “aparadeiras”, nasceram Maria Cristina, Maria de Nazaré, Águida Maria, Sônia Maria, Maria Regina e Salvador. Apenas a Nazaré Maria nasceu na Maternidade. Foram nove rebentos no total. Para suprir a necessidade da prole, Dona Elisa devotou-se à costura, coisa que fazia muito bem. Tinha uma seleta freguesia, inclusive gente da alta sociedade macapaense. Também preparava cachorro quente e pastéis, que o José Homobono saia vendendo pelos arredores do boteco. O ponto alto da venda ocorreu no decorrer do ano de 1953, com a construção do Mercado Central, graças ao apetite dos operários da importante obra. O Boteco do Neco Brito foi frequentado por tripulantes dos barcos do governo, operários que fizeram a restauração da Fortaleza São José, membros da Guarda Territorial aquartelados na fortificação, moradores do então bairro da Fortaleza, incluindo os habitantes do Remanso/Elesbão e da Baixa da Maria Mucura. Os habitantes do nascente bairro do Trem, notadamente a turma da birita, também costumavam ir rogar a proteção de “Jesus, Maria, José”. O boteco servia cachaça Alvorada, peixe salgado, carne de caça, principalmente de cotia, jacaré (abatido no quintal do botequim), açúcar moreno(mascavo), açúcar molhado, sal, querosene, tabaco, feijão sacaninha, farinha d’água, Flip Guaraná, sardinha em lata, carne em conserva e tira gosto. O aperitivo mais apreciado era a famosa “meladinha”, preparada com uma colher de mel, dois limões e três dedos de cachaça. Em meados da década de 1950, Dona Eliza preparava saboroso mingau de milho/banana e café, que as filhas Cristina e Maria de Nazaré iam vender na frente do Mercado Central. Ainda amassava açaí para vender. Dona Eliza controlava toda a renda das vendas, cabendo à Marluce elaborar a escrituração e manter atualizada a lista dos devedores. A residência dos Homobono Brito foi edificada em um terreno cedido pela Prefeitura de Macapá, à esquerda da Rua Coronel José Serafim, entre as avenidas Antônio Coelho de Carvalho e Henrique Galúcio, sentido ponte do Abílio/Trem, que ainda pertence aos descendentes de Neco e Eliza. Anésio Brito se manteve em atividade até 1964, com 57 anos. Os filhos com mais idade já trabalhavam e Dona Eliza permaneceu confeccionando roupas. Seu Neco faleceu no dia 1/9/1987, aos 80 anos. Dona Eliza desencarnou a 16/11/1996, também com 80 anos. Ainda moram em Macapá muitos dos antigos fregueses do boteco, que narram causos muito interessantes ali ocorrido.

Atualmente, onde ficava a Casa Califórnia, está o Shopping Popular.

Via Paneiro de Lembranças (Facebook)

Com adaptações para o blog Porta-Retrato-Macapá.

sábado, 21 de maio de 2022

MEMÓRIA DO FUTEBOL AMAPAENSE: TIME DO AMAPÁ CLUBE

Esta FOTO MEMÓRIA compartilhada por Franselmo George, mostra o time do Amapá Clube, vencedor do Campeonato Amapaense de 1979.

O Amapá é o mais antigo clube de futebol do Amapá.

Nas imagens a partir da esquerda estão, em pé: Baraquinha, Rafael, Alemão, Tupã, Erasmo e Dias.

Agachados: Gervásio, Lavico, Zeca Melo, Marcelino e Piraca.

Foto: Franselmo George

Fonte: Facebook

segunda-feira, 16 de maio de 2022

MEMÓRIA DA NAVEGAÇÃO NO AMAPÁ - A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DO MUSEU NÁUTICO DO ESTADO DO AMAPÁ

Li e gostei!

Encontrei na grande rede, sugestiva ideia do artista visual e produtor, Wagner Ribeiro sobre a criação do MUSEU NAUTICO DO AMAPÁ!

A brilhante sugestão desse grandioso projeto, vem repercutindo, favoravelmente, junto à maioria das pessoas, que tomam conhecimento de seu texto.

O blog Porta-Retrato Macapá, apoia e iniciativa e compartilha na íntegra a CRÔNICA desse conceituado artista plástico:

(*) Por Wagner Ribeiro

Estamos situados ao norte da maior floresta tropical do mundo que é a nossa impressionante Amazônia e também posicionados na foz da maior Bacia Hidrográfica do planeta. Da orla da capital do Amapá, podemos visualizar o maior arquipélago flúvio-marítimo do Brasil com aproximadamente 2.500 ilhas e ocupando uma área de 42 mil Km², que é o grandioso Marajó. É com esse pensamento que gostaríamos de provocar a criação de um Museu Náutico com o intuito de preservar a memória da história das embarcações da Amazônia que começa com as canoas e remos utilizados pelos índios, depois as canoas à vela aproximadamente na década de 40, em seguida os barcos de madeira com motor, as catraias muito utilizadas até hoje. Tem também as velozes rabetas, os barcos de ferro e até os navios de passageiros e de cargas que navegam pelos rios nessa imensa área verde.

Além de preservarmos essa história, será um item muito importante para o turismo e objeto de pesquisa para as escolas e universidades.

"Sou filho de ex-funcionário da Indústria de Comércio e Minério - ICOMI. nasci em 1959 no Município de Serra do Navio, dentro do projeto de exploração de manganês no Amapá que durou 50 anos. Sempre fui atento nos valores regionais como o paisagismo, costumes e tradições, principalmente nas construções artesanais de barcos e também por ter o dom da arte em diferentes áreas, desenho, pintura, escultura e confecção de maquetes, etc.".

Depois das canoas à vela, existiram os barcos que eram muito utilizados para subir os rios para venda e troca de mercadorias, chamados de Regatão. Temos registros fotográficos dos primeiros navios que surgiram a partir da década de 50 como o navio Amapá, navios do Governo do Estado do Amapá como: Comandante Solon, Comandante Idalino e comandante Pedro Seabra que faziam transportes de cargas e passageiros principalmente para Belém do Pará. Surgiram também empresários do ramo de transporte marítimo que faziam esta atividade como os barcos Silja Souza e Sonja Souza e assim foram surgindo os barcos como Cidade de Óbidos, Cidade de Gurupá, os barcos Ana Beatriz, Anna Karoline, o Novo Amapá que naufragou em 1981 no percurso entre Santana e Laranjal do Jari e considerada uma das maiores tragédias fluviais da Amazônia. Temos também outros registros de naufrágio como o Anna Karoline III e Sobral Santos II com centenas de mortos.

Subindo o rio Amazonas, podemos também lembrar dos Barcos Luan, Bruno que estão em plena atividade. Muitos barcos que fizeram e ainda fazem viagens para o Marajó, principalmente para os municípios de Breves, Muaná, Afuá, Portel, Chaves, etc. podemos citar dezenas dessas embarcações que podemos incluir nessa saga que conta a história da navegação da Amazônia e especificamente do Estado do Amapá.

Esse texto é apenas uma ideia. Será necessário reunir entidades, historiadores e artistas para que o projeto seja criado com sucesso.

(*) artista plástico amapaense

Fonte: Facebook

domingo, 15 de maio de 2022

FOTO MEMÓRIA DE MACAPÁ: DROGARIA ZAGURY

Por Nilson Montoril

No dia 2 de julho de 1950, era instalada em Macapá, a Drogaria Zagury, constituída pela a firma Sarah Roffé Zagury, cuja titular era a esposa do marroquino naturalizado brasileiro, Leão Zagury, à época já falecido. 

Conseguimos identificar a partir da esquerda, pela fisionomia, o 2º Avertino Aciolly Ramos (de roupa escura); o senhor idoso que é o 4º na sequência, (de branco com as mãos juntas na frente do corpo), é o Seu João Batista de Azevedo Picanço (Tio Joãozinho); o cidadão de bigode (em traje branco na direção da parede) é o farmaceutico José Zagury; ao lado dele (de calça preta) o Dr. Raul Montero Valdez .
A partir da direita: o 3º Sr. Álvaro Guimarães Vasques; o 5º (de boné) é o Sr. Homero Charles Platon e o 7º é o Sr. Alamiro Rodrigues de Souza. Os demais, não conseguimos identificar.

A solenidade ocorreu numa manhã de domingo, contando com a presença do médico e advogado Raul Montero Valdez, Secretário Geral do Governo do Território Federal do Amapá, que exercia interinamente a governadoria.

Também prestigiaram o evento, o Diretor da Divisão de Saúde, médico Álvaro Pinho Simões, o Dr. João Gomes, Gerente do Banco do Brasil, o comerciante Lourenço Borges Façanha, Oficial do Gabinete do Governador e diversos amigos da família Zagury. A farmácia foi instalada na mesma área onde estava edificada a Casa Leão do Norte, a Avenida Presidente Vargas, número 733, trecho compreendido entre as Ruas Cândido Mendes de Almeida e Independência, atual Vereador Binga Uchoa. Antes da instituição da farmácia, a Casa Leão do Norte funcionava com loja de tecidos, mercearia e venda de drogas medicamentosas.

Fundada pelos irmãos Jayme Isaac Zagury e Moisés Zagury, a farmácia foi montada por Hernani Vitor Guedes, que havia concluído o curso superior na Escola de Farmácia do Pará, que posteriormente foi transformada em Faculdade. O curso feito pelo Hernani tinha a duração de três anos, mas assegurava ao aluno concluinte, as mesmas prerrogativas que depois se deu aos farmacêuticos bioquímicos. Hernani era o único funcionário e o responsável técnico do estabelecimento. Quando houve a necessidade de contratação de outro funcionário, a escolha recaiu inicialmente em Dulcinéia Guedes, Irmã do Hernani. Posteriormente, foram admitidos Francisco Quintela do Carmo e Bruno Gonçalves Guedes, pai do dirigente. Seu Bruno tinha trabalhado como atendente em farmácias de Belém.

Em 1963, em decorrência do fechamento da Sorveteria Central, que também pertencia à família Zagury, a farmácia passou a funcionar no prédio disponível, erigido na esquina da Rua Cândido Mendes com a Av. Siqueira Campos, hoje rotulada como Mário Cruz. Neste local, ingressou na firma a jovem Iracilda. Hernani Guedes era a alma da Drogaria Zagury. Seu conhecimento técnico assegurava o atendimento preciso dos fregueses.

Anos mais tarde, foi aberta uma filial da farmácia, em um dos anexos erguidos no lado direito do Mercado Central de Macapá, paralelos a Avenida, Henrique Antônio Galúcio. 

O Farmacêutico Bioquímico Januário Guedes, irmão do Hernani Guedes, foi contratado para gerenciá-la, ficando sob coordenação e supervisão da matriz. 

A Senhora Sarah Roffé Zagury possuía um apreciável conhecimento do uso de plantas medicinais, enriquecida com os aprendizados obtidos junto às matriarcas da comunidade negra da cidade.

Em frente à sua casa morava a senhora Guadiana, chamada de Vó Guadiana pelos macapaenses. Esta cidadã foi uma ilustre parteira e curandeira. Para dispor de muitas ervas medicinais, ela repassou muitos segredos curativos para Dona Sarah.

A viúva de Leão Zagury mantinha um grupo de colaboradores, que fazia as coletas necessárias pela periferia de Macapá. 

No meio da turma, destacava-se um rapazinho chamada Raimundo Souza, que anos depois, o cientista Valdemiro Gomes cognominou de Sacaca.

O farmacêutico Hernani Guedes nasceu em Belém, no dia 12 de abril de 1924. Em dois de julho de 1950, ao assumir a direção da Drogaria Zagury, estava com vinte e seis anos de idade. Ao desligar-se da firma Sarah Zagury, Hernani decidiu criar sua própria empresa.

Tornou realidade seu intúito no dia 17 de novembro de 1982, quando instituiu a firma Hernani Vitor Guedes & Cia Ltda, cuja atividade principal era o com comércio atacadista de medicamentos e drogas. O nome de fantasia ficou sobejamente conhecido – Farmácia Cristo Rei. Além de ter sido um brilhante empresário, Hernani devotou-se à música, despontando como autêntico mago tocando violino.

Em 1963, criou o conjunto musical “Os Mocambos”. Até pouco tempo, integrou a Orquestra Primavera. Ele completou 98 anos de idade no dia 12 de abril de 2022 e permanece ativo no seio de sua família, sob os cuidados da esposa Marly Carrera e dos filhos.

Fonte: Diário do Amapá

                        (Post reeditado e repaginado)

                                                (Última atualização em 15/05/20220)

sábado, 14 de maio de 2022

MEMÓRIA DO FUTEBOL AMAPAENSE: O CAMPINHO DA MATRIZ

Por Nilson Montoril de Araújo 

Em 4 de fevereiro de 1758, o espaço que a foto nos revela recebeu o nome Largo de São Sebastião. Com o passar do tempo, o povo preferiu identificá-lo como Largo da Matriz, uma referência à Igreja de São José. A área só passou a ter maior utilidade a partir da introdução do futebol no Brasil, à conta da sua expansão. Evidentemente, a ala esquerda do Largo da Matriz virou um campo de futebol. Mesmo não tendo as medidas oficiais do apaixonante "esporte bretão", o campinho teve seus dias de glória até surgir o Estádio Territorial, inaugurado no dia 15 de janeiro de 1950. Transferido pelo governo para a Prefeitura, o estádio ficou sendo municipal. O primeiro campeonato amapaense de futebol aconteceu nos meses de novembro de 1947, em turno único e apontou o Esporte Clube Macapá como campeão. Participaram do certame, Macapá, Amapá Clube, Cumaú e São José. 

De 1950 em diante, os campeonatos foram disputados no Estádio Municipal Glycério de Souza Marques deixando de ser após a inauguração do Zerão. Quem melhor utilizou o campinho da Matriz foi a Prelazia de Macapá, com a realização de campeonatos disputados por times do Oratório São Luiz. Centenas de garotos e adolescentes foram atraídos pela ação catequética e associativa dos Padres do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras-PIME, a partir de 1948. Todos os sacerdotes eram italianos, apaixonados por futebol. É claro que times com nomes de clubes da Itália não faltaram no Oratório: Juventus, Internazionale, Roma, Fiorentina, Milan. Os clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo não foram esquecidos. Eu e inúmeros amigos de infância e adolescência vivemos estes momentos mágicos. Foi narrando jogos dos certames oratorianos que enveredei pela locução esportiva. 

Usando um amplificador, um alto falante e um microfone, o Expedito Ferro, popular 91 criou a PRC JUVENIL, A VOZ ORATORIANA. Segundo o 91, PRC significava Prelazia Rádio Clube. 

O nome Juventus evidenciou um dos maiores clubes de futebol do Amapá.

(Via Paneiro de Lembranças)

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Foto Memória de Macapá: Show de Roberto Carlos em Macapá

Compartilho foto rara de 1972, gentilmente cedida por Francisco Bessa, um dos filhos do casal Genésio (Líbia) Bessa de Castro (em memória), publicada na pagina do Memorial Amapá, na rede social.

"Rei Roberto Carlos quando de um show em Macapá. Ficou hospedado no Macapá hotel. Genésio de Castro e sua esposa Líbia eram os gerentes. Anos Dourados do Território Federal do Amapá."

Nas imagens: Genésio de Castro, Roberto Carlos, Rosângela Chagas e Líbia Castro.

Francisco Bessa confessa-se “arrependido”, pois sempre que revê essa foto, lembra que foi convidado, mas, envergonhado, preferiu ficar na lateral da escada, aparecendo só as havaianas dele.

Minha comadre radialista Cristina Homobono lembra bem desse evento:

“Marcantes essas lembranças, Genésio e Líbia Castro anfitriões perfeitos. Organizaram tudo para que a coletiva de Roberto Carlos com a imprensa amapaense fosse bem organizada e foi. Um dos trunfos de minha caminhada como mulher radialista neste Amapá, foi essa entrevista com Roberto Carlos. Tempos bons! Hoje, o Macapá Hotel nem existe mais.”

Olhe nós aí, comadre!

O amigo Luiz Lopes Neto – de boa memória - lembra também, que o Rei foi transportado ao estádio em um luxuoso automóvel da época, que pertencia ao Dr. Cícero Borges Bordalo, brilhante advogado amapaense. Cicero Bordalo Jr. confirma que o veículo de seu pai, citado por Luiz, “era um LTD LANDAU, um carro igual ao Gálaxie, todavia, mais luxuoso e moderno. Foi orientado a comprar pelo seu Moisés Zagury, que era o representante da FORD, concluiu”.

Fonte: Memorial Amapá (via Facebook)

 

quinta-feira, 5 de maio de 2022

MEMÓRIA DO ESCOTISMO DE MACAPÁ – TIME DOS ESCOTEIROS DA TROPA “VEIGA CABRAL”

Foto Memória compartilhada pela amiga Dayse Nascimento em sua página na rede social, mostra um registro fotográfico do início dos anos 50.

É uma das relíquias – entre fotos e documentos - herdadas de seu pai Chefe Clodoaldo Carvalho do Nascimento.

Foto de relevância histórica, mostra importantes figuras de pioneiros do Amapá, na formação do Time dos Escoteiros da Tropa Veiga Cabral, do Laguinho.

Em pé: Clodoaldo Nascimento, Ubiracy Picanço, Lourival Furtado, Adelino, Joaquim Sussuarana, Adolfo Lima, Expedito Ferro (91) e Pedro Carvalho.

 Agachados: Ruy Campos, Glycério Marques, Godi e José               Raimundo Barata (usando touca).

  Foto de 1953.

   Fonte: Facebook (com informações de Nilson Montoril)

quarta-feira, 4 de maio de 2022

ANTIGO PRÉDIO DO PRESÍDIO DO BEIROL - MACAPÁ

Nossa FOTO MEMÓRIA de hoje, vem do acervo pessoal da família Cantuária. 

Bem na porta, de casquete, com uniforme da Guarda Territorial, vemos o Inspetor Ítalo Marques Picanço.

No degrau abaixo, a partir da esquerda de quem olha, está o Ten. Charone, tendo ao seu lado esquerdo (de óculos) o delegado Antero Picanço Furtado. Os demais, não conseguimos identificar.

Ana Cantuária é a primeira (à esquerda) das três mulheres no degrau inferior, bem à frente.

O amigo Aluísio Cantuária, publicou em sua página na rede social, um importante registro de um raro momento dos primeiros tempos do Território Federal do Amapá, início dos anos 1960: a frente do prédio da administração do Presídio do Beirol, em Macapá, na rua Jovino Dinoá (ao lado do Quartel da Polícia Militar). 

Aluísio conta na legenda, que a irmã dele Ana Cantuária Queiroz, na época, aluna da Escola Normal,” iniciava sua vida profissional no magistério, lecionando na escola primária (salvo engano para filhos dos presos) que funcionava junto ao presídio. É uma foto que tem bastante relação com minha infância. Até o ano de 1962, minha família morou na Vila de Fazendinha (meu pai era funcionário do Governo do TFA, lotado na Divisão de Produção, à qual estava vinculado o posto Agropecuário de Macapá, que funcionava na Fazendinha). Constantemente íamos à Macapá, tanto em um ônibus dirigido pelo senhor Tibúrcio, como em carroceria de caminhão do governo. "

"Obrigatoriamente passávamos em frente ao presídio - na ida e na volta -, com sua vila de casas ao lado, onde, parece, moravam famílias de presos que ali cumpriam pena."

"Na foto, minha mana está bem na frente, cabelos compridos e um pouco encaracolados. Sempre foi bonita! Um pouco atrás dela, à sua direita, aparece um senhor que se trata do Tenente Uadih Charone. Ela identificou outras pessoas, mas não lembro dos nomes. Certamente o pessoal do grupo os identificará. Bom exercício de memória a todos! “.

O historiador Nilson Montoril de Araújo, complementa informando que o “Tenente R2, Uadih Accioly Charone era, à época, o Diretor da Divisão de Segurança e Guarda. Aparecem na foto os servidores da Colônia Penal São Pedro. A rua Jovino Dinoá, a partir da Av. Feliciano Coelho era mão dupla e correspondia ao trecho inicial da estrada da Fazendinha. Ainda não havia acesso pela rua Leopoldo Machado devido a área alagada da Ressaca do Beról. As famílias dos presos casados de bom comportamento residiam em casas situadas à direita do presídio. O motorista de ônibus citado pelo Aluísio era o Tibúrcio Melo, bastante conhecido na cidade. Na área posterior da Colônia Penal São Pedro existiam muitos pés de caju, plantados pelos presos. Em decorrência deste fato, o presídio ficou conhecido como Cajual. Para evitar transtornos aos filhos dos apenados em escolas do Trem, um estabelecimento de ensino funcionava na colônia."

Fonte: Facebook

 

terça-feira, 3 de maio de 2022

O embaixador do bairro do Trem: Belarmino Paraense de Barros

Por Nilson Montoril (*)

Dentre os auxiliares do Governador Janary Nunes que tiveram papel marcante na implantação do Território Federal do Amapá, merece especial referência o belenense Belarmino Paraense de Barros. 

Este cidadão, formado em Guarda Livro pela Fênix Caixeiral Paraense, veio para Macapá atendendo convite formulado pelo governador, seu superior hierárquico na Companhia Independente de Metralhadoras Anti Aérea estabelecida em Val-de-Cãns.

Na época, Belarmino havia dado baixa do Exército como Sargento e dono de um prontuário notável. Entre 1º de março de 1940, ano de sua formatura, até 21 de julho de 1941, data que marca seu ingresso no Exército, o jovem contabilista trabalhou fazendo a escrituração contábil de diversas firmas comerciais de Belém. Estava com vinte anos de idade quando sentou praça para prestar o serviço militar obrigatório.

Mesmo não mantendo contatos frequentes com a tropa, Belarmino exercia boa liderança na corporação, devido sua dedicação aos esportes. Sempre estava metido no grupo que organizava as competições esportivas. A 22 de janeiro de 1943, passou a ocupar o posto de Cabo, sendo promovido ao posto de Sargento em 1944. No dia 29 de outubro de 1945, chegava a Macapá. 

Na capital do Amapá, Belarmino reencontrou vários companheiros de caserna, entre eles o seu comandante. Seu primeiro cargo no governo territorial foi de contador do Serviço de Administração Geral, órgão que coordenava as atividades de pessoal, finanças, material, conservação, limpeza, etc. Depois passou a exercer a chefia da Seção de Municipalidade, percorrendo frequentemente as sedes dos municípios de Mazagão, Oiapoque e Amapá para proceder as inspeções contáveis das comunas e analisar as tomadas de contas. Agiu da mesma forma no que se refere ao balaço de material permanente dos demais órgãos do governo. 

A 18 de abril de 1951, foi convocado para desempenhar uma missão bastante desafiadora: gerenciar a Olaria Territorial. 

Deveria elevar a produção de tijolos, telhas, manilhas para esgoto, cerâmicas, azulejos e outros materiais necessários às obras públicas que estavam sendo realizadas em Macapá.

Na fase de implantação da Olaria o superintendente foi o senhor Nicanor Gentil, primo do governador. O deslocamento deste cidadão para outra atividade motivou a nomeação de Belarmino. O governador sabia que seu comandado dos tempos da Companhia de Metralhadoras Antiaérea tinha liderança e lábia suficiente para motivar os trabalhadores, levando-os a atingir as metas necessárias.

A Olaria Territorial vinha se recuperando de um incêndio que destruiu parte de sua estrutura. Ao assumir o cargo de Superintendente da Olaria Territorial, Belarmino Paraense de Barros já era sobejamente conhecido e benquisto pelo operariado. Ele representava para o Bairro do Trem o mesmo que Julião Ramos simbolizava para o Laguinho.

A eficiente gestão de Belarmino se estendeu até o dia 13 de julho de 1961, correspondendo a um ano e dois meses. 

Na mesma data ele retomou suas funções de contador no Serviço de Administração Geral. Neste órgão, em dezembro de 1962, alcançou o cargo de Diretor, nomeado pelo Governador Raul Montero Valdez.Em 1963, no período de 30 de janeiro a 11 de abril, Belarmino foi o titular da Secretaria Geral do Território Federal do Amapá.

O ocupante deste cargo era uma espécie de vice-governador, cuja nomeação era feita pelo Presidente da República. Em 1964 ele voltou a merecer a mesma distinção.

Com o golpe militar de 1964, deflagrado dia 31 de março, Belarmino foi colocado sob suspeição de ter praticado improbidades administrativas. Mesmo sem a ocorrência de um julgamento feito nas conformidades da lei, ele foi exonerado a bem do serviço público. Mais tarde, foi inocentado e recuperou seu cargo de servidor público embora com aposentadoria compulsória. Mudou-se para Belém no dia 6 de outubro de 1964.

O clima político em Macapá não lhe era favorável e muitas pessoas que ele tanto ajudou, inclusive tornando-as servidores públicos federais evitavam falar com ele temendo represálias por parte dos governantes. Na capital das mangueiras criou a firma Planamazon Ltda, através da qual elaborava projetos agropecuários e industriais. Também prestava assessoramento técnica, econômica, contábil e de engenharia. Belarmino Paraense de Barros era natural de Belém, onde nasceu a 26 de junho de 1921. Seus pais eram Amélio Brasil Barros e Benvinda das Neves Barros. Sua passagem por Macapá revestiu-se de muitos méritos. Integrou o Rotary Club de Macapá, sendo um dos seus membros mais atuantes.

 A primeira residência de Belarmino, em Macapá, demorava na Avenida Pedro Baião de Abreu, lado esquerdo, entre as ruas Rua Tiradentes e General Rondon. A casa ficava ao lado de uma velha fábrica de sabão. Posteriormente a família mudou-se para outro prédio que seu Belarmino mandou construir na esquina, de frente para a então rua José Serafim Gomes Coelho(Tiradentes). Na época, aquele trecho era identificado como bairro da Fortaleza.

(*) Historiador, professor, radialista e blogueiro amapaense. Artigo publicado, originalmente no Jornal Diário do Amapá, edição do dia 09/10/2021.

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