Nosso biografado de hoje é um nordestino
que, como muitos outros, aportou no Amapá por vislumbrar novos
horizontes nos ares amazônicos. Com esta narrativa, queremos prestar uma justa
homenagem póstuma, à memória deste potiguar que muito contribuiu com seu
modesto trabalho, em prol do território federal recém criado pela histórica
caneta de Getúlio Vargas, em 1943.
Falamos de PEDRO MAFRA DA SILVA - Mafrita para os mais
próximos - nascido dia 10 de setembro de 1926, na cidade de Vera Cruz, Rio
Grande do Norte. Apesar de seu completo desconhecimento da escrita e da
leitura, era exímio conhecedor das operações matemáticas. Depois de uma
desilusão amorosa em sua terra natal, aos 24 anos de idade, decidiu se
aventurar em terras Tucujus e embarcou em um navio com
aproximadamente 120 homens que viriam trabalhar na plantação de seringueira na
cidade de Mazagão. O pioneiro Miguel Pinheiro Borges foi o
responsável pela condução da jornada, que visava alcançar melhores condições de
vida. No início dos anos 1950, já estabelecido na cidade amazônica, enfrentou
um surto de malária que resultou na morte de 90 trabalhadores do empreendimento
muitos deles, seus amigos conterrâneos. Diante de inesperada situação, Pedro
Mafra foi obrigado a trocar de ramo, optando por exercer a atividade
profissional de açougueiro no recém criado Mercado Central de Macapá, na
época, o principal ponto de compras das famílias amapaenses. Por um período
também trabalhou como marchante, distribuindo carne para os açougues da cidade.
Em 1958, Pedro Mafra conhece Rachel Uchôa, sobrinha do saudoso pioneiro
Binga Uchôa, com quem se une em matrimônio. Em 1959 nasce sua primeira
filha, a professora Lúcia Uchôa, logo em seguida chegam os gêmeos, Zozimar
Uchôa (Tibá) e Zozimir Uchôa ( Tibi). O casamento do
casal teve mais 11 frutos: Lucidete, Lucineide, Josivaldo, Josielson,
Laurilane, Lorilene, Pedro, Wellington, Wendel, Wolney e Bertoni.
No
esporte, seu coração era dividido por dois times futebol: Fluminense e
Paysandu. Chegou até a ganhar diploma de torcedor sofredor pelos amigos
remistas. Em Macapá, Mafrita possuía uma vasta lista de amigos.
A
amizade mais duradoura ultrapassou décadas, Pedro Mafra e o professor José
Figueiredo de Souza, o Savino, eram amigos inseparáveis. Eles diziam que
estavam juntos nas primeiras manifestações carnavalescas que deram início à “Banda”,
hoje já consolidado o maior bloco de sujos do norte do país.
Após anos de
trabalho nos boxes do mercado central, tendo como companheiros alguns mostrados na foto acima, Pedro Mafra decidiu abrir seu
próprio açougue. Ele trabalhou no Bairro Jesus de Nazaré, em um
mercadinho de nome “Três Poderes”, localizado na Av. Ernestino Borges,
esquina com Rua Leopoldo Machado; teve ainda um segundo açougue, de nome Três
Poderes II, localizado na Hamilton Silva com Presidente Vargas, no Bairro
Santa Rita e em seus mais recentes dias como açougueiro, trabalhou por
muitos anos em um açougue no Mercado Santa Tereza, localizado na Av.
Ernestino Borges com a Rua Eliezer Levy, no Bairro do Laguinho. Já na
década de 80, Mafra passou a fazer parte do quadro de funcionários da Câmara
Municipal de Macapá, onde atuou como segurança. Ele construiu uma
residência no número 1197 na Avenida José Antônio Siqueira, no bairro Jesus
de Nazaré, entre as ruas Jovino Dinoá e Leopoldo Machado, onde viveu até o
último dia da sua vida. Sua esposa, Dona Rachel, faleceu em outubro de
1994. No dia 04 de maio do ano de 2000, após passar mal em casa, Pedro Mafra
foi levado às pressas para o hospital de emergências, mas depois de várias
tentativas de reanimação, veio a óbito em decorrência de um infarto do
miocárdio. O corpo de Pedro Mafra foi velado na capela Santa Rita e sepultado
no cemitério São José em Macapá, no bairro de Santa Rita.
Nota do Editor: Agradecimentos ao Bertoni Uchoa filho do
biografado, por nos fornecer informações e fotos para montagem e ilustração desta
biografia! (João Lázaro)