Manuel Eudóxio Pereira, é nome de uma das
ruas da capital do Amapá, numa justa homenagem a um dos mais
ilustres filhos daquela terra tucuju.
Um comerciante conhecido, na Macapá de outrora, pela alcunha
(ou seja, apelido ou se você preferir os sinônimos:
apodo, antonomásia, cognome e epíteto) de Pitaíca.
O historiador Nilson
Montoril, conta em seu blog, que Manoel Eudóxio Pereira era amigo de todos e procurava ajudar os mais
necessitados, notadamente os que apreciavam uma aguardente (conhecida popularmente como cachaça, água-que-passarinho-não-bebe,
a-que-matou-o-guarda, birita, caninha, gengibirra)
que o nosso ilustre historiador prefere chamar de a “marvada pinga”.
“Católico fervoroso, podia ser encontrado com facilidade na Igreja de
São José durante os cultos católicos. Era forte, decidido, daí o apelido de
Pitaíca, nome de uma árvore encontrada no campo, na terra-firme e na várzea."
(Foto: Reprodução de arquivo)
Casa do Povo estabelecimento comercial do Sr. Manuel Eudóxio Pereira, situado na esquina da
Rua São José com a atual Avenida Presidente Getúlio Vargas.
Nilson conta em sua narrativa que "seu
Pitaíca possuía um burro muito enfezado,
que puxava uma carroça destinada aos serviços da Casa do Povo, (foto) de sua
propriedade. Mesmo atrelado à carroça, o burro dava trabalho. Em razão de ser
endemoniado, o burro passava a maior parte do tempo preso a uma corda, num
terreno vago que existiu na esquina da Travessa Floriano Peixoto com a Rua São
José, local onde funcionou o Banco da Lavoura de Minas Gerais e hoje abriga uma
loja. O cenário das peripécias do burro do Pitaíca é a Macapá do final da
década de 1930 e início da década de 1950. Naquele tempo, era coisa comum os
quadrúpedes viverem soltos nas ruas, principalmente depois das 18 horas. Na
periferia da pequena cidade muitos moradores mantinham atividades agrícolas e
pecuárias. Cavalos, éguas, burro e mulas trabalhavam durante o dia, puxando
carroças e transportando cargas e até gente. Valiam-se da noite para pastar,
beber água e praticar “o aquele”. O burro do Pitaíca adorava pastar no campo de
futebol que existia na Praça Capitão Augusto Assis de Vasconcelos,(atual Veiga Cabral) onde reinava
absoluto entre as éguas e mulas mais velhas que já não interessavam aos mais
novos. O diabo é que o burro do Pitaica era demasiadamente avexado, partidário do
“vamos que vamos”. Ele só vivia de orelha em pé e voltadas para trás, sinal
evidente de que estava a fim de transar. Nem sequer cortejava as pretendidas.
Como o burro era muito violento, as
fêmeas o rejeitavam com coices e mordidas, coisa que ele retribuía com
maestria. Parece que o burro era fã da máxima “ou dá, ou desce”. O pior é que
não eram só as orelhas que o burro levantava. A genitália do bicho era de tal
forma desconforme, que dava a impressão dele ter nascido com cinco pernas. Com
relativa frequência, os donos dos animais maltratados iam ter com o Pitaíca
pedindo que ele mandasse o burro para a região rio Pedreira, caso contrário a
vida do bicho iria correr grande
risco. Reclamar na Polícia era perda de tempo, haja vista que o senhor Manuel
Eudóxio Pereira tinha muita influência na cidade, sendo vizinho da Delegacia
Central. A solução do Pitaíca consistia em prender o burro. Em contrapartida,
os donos das vítimas do burro deveriam encontrar outro local para que elas
pastassem em paz. Quando o burro encontrava uma fêmea assanhada como ele, o
“love you” era "da mulesta". Houve um caso muito interessante protagonizado pelo
burro ao montar, na marra, em uma éguinha prestes a debutar no exercício da
luxúria. O dono da éguinha exigiu indenização, alegando que o burro havia
emprenhado sua cria. O queixoso alegou que a maneira violenta como o estupro
foi praticado causou o remonte de cinco costelas da infeliz criatura. Pitaíca
lhe passou uma descompostura, dizendo que o burro é um animal estéril e não tem
como gerar filhos. Na prática, a éguinha gostou tanto do desempenho do burro,
que ia direto ao local de seu cativeiro todas as vezes que fugia da casa do
dono.
Outro fato diz respeito a uma exigência que algumas beatas fizeram ao
senhor Pitaíca através do Padre Felipe Blanck, vigário da Matriz de São José.
Elas costumavam assistir à missa das 6 horas da manhã, diariamente, e não
suportavam ver o burro todo excitado, olhando as fêmeas que pastavam no campo
de futebol. Consta que elas colocavam as mãos sobre os olhos, mas o povo
comentava que os dedos sempre ficavam afastados. A injúria foi de tal monta,
que uma das beatas sugeriu que o Pitaíca mandasse fazer um calção de mescla
reforçado para esconder as vergonhas do animal. O priapismo(*) do burro ficou
tão famoso, que passou a ser referência sempre que alguém cheio de frescura
queria dar uma de gostosão: “o que falta pra ti é o burro do Pitaíca”.
(*) Priapismo é uma condição médica geralmente dolorosa e potencialmente danosa
na qual o pênis
ereto
não retorna ao seu estado
flácido, apesar da ausência de estimulação física e psicológica. A ereção dura
em média 4 horas, e pode levar à impotência sexual definitiva. (Wikipédia)
Fonte: Texto publicado originalmente por Nilson Montoril em seu blog Arambaé, na segunda-feira, 28 de maio de 2012.
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