Álvaro Cândido Botelho da Cunha, nome de batismo de um dos
mais importantes poetas do Amapá, nascido em 5 de agosto de 1923 em Belém do
Pará. Foi para o Amapá com 23 anos de
idade, onde desempenhou cargos e funções de relevo na administração, como a
presidência da Companhia de Eletricidade do Amapá. Fundou e colaborou com
várias revistas literárias, como a Rumo, Mensagem e Latitude Zero.
Faz parte da primeira geração de poetas do Território Federal
do Amapá, ao lado de Alcy Araújo, Ivo Torres, Aluísio Cunha e Arthur Nery
Marinho. Estes cinco movimentaram o setor cultural amapaense, fundando
revistas, criando clubes de artes e editoras, promovendo noites lítero-musicais
e cursos de teatro e artes plásticas.
Sobre Álvaro, Alcy dizia que era “ um poeta a serviço do
Amapá”. Estudioso dos problemas da região, escreveu a mais importante obra
sobre a exploração do manganês: o livro “Quem explorou quem no contrato do
manganês”. Por causa desse livro sofreu perseguições, inclusive do governo
federal, e teve que deixar o Amapá e se estabelecer no Rio de Janeiro, onde
atuou no setor privado como técnico e diretor de escritórios de consultoria
especializados em planejamento econômico.
Foi embora, mas não perdeu os laços com o Amapá, terra onde,
segundo ele, em vez de criar poemas “recolhia-os já feitos na paisagem”.
Alcy Araújo dizia que Álvaro nunca se liberou do sol da
Latitude Zero. “Álvaro não desassumiu também sua deslumbrada e aberta
responsabilidade de usuário, de amante e intérprete do verde incomum da
Latitude Zero”, disse Alcy no prefácio do livro Amapacanto, considerado um
atlas poético dessa região. “O Amapacanto, lançado em 1989, é uma verdadeira
exaltação ao Amapá”, afirma o presidente da Associação Amapaense de Escritores,
Paulo Tarso.
Além de Amapacanto e de “Quem explorou quem no contrato de
manganês”, Álvaro lançou também “Pássaros de Chumbo”, em 1961 no Rio de
Janeiro, e figura na antologia “Modernos Poetas do Amapá”.
Há centenas de poemas seus publicados em jornais e revistas
do Amapá, Pará e Rio de Janeiro, que deveriam ser organizados numa rica
antologia para que a nova e as futuras gerações possam conhecer um dos maiores
poetas modernistas da região Norte.
Álvaro da Cunha morreu no Rio de Janeiro em 22 de fevereiro
de 1995.
Texto de Alcinéa Cavalcante, com atualizações, extraído do blog
da conceituada jornalista amapaense.
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