A História do FLAMENGUINHO contada por...
(*) Fernando Canto (Um deles)
"Nascido no bairro do Laguinho sob a
coordenação do empresário Raimundo Nonato Lima, um maranhense que no fim da
década de 60 organizou o time, o Flamenguinho era formado por garotos bons de
bola na sua maioria oriundos do Morro do Sapo, ali da Rua São José e arredores.
Um time apaixonado pelo Mengão que
realizou dezenas de partidas sem perder para qualquer rival da cidade ou do
interior. Um plantel - grupo de atletas selecionados - como diziam os locutores
esportivos, feito por uma seleção de moleques que só queria mesmo era “bater
bola” fosse aonde fosse: na piçarra solta, no campo de terra dura, na grama ou
na lama. Em qualquer lugar lá íamos nós jogar com a camiseta hering branca,
onde o escudo do time estava cuidadosamente pintado no peito em serigrafia,
calção preto e... descalços.
Da minha parte lembro que joguei no
time titular na posição meia-direita. Tinha um futebol razoável, mas ao ponto
de barrar uns e outros que depois viriam se tornar grandes jogadores aqui e em
outros estados. O primeiro time do Flamenguinho realizou invicto, 56 partidas,
graças ao talento de atletas como Zé Wilson Jucá, Bolinha e Vevé, de uma zaga
em que estavam João Cabral, Careca, Jonas e Chico. No gol o titular era o
Quincas Semblano e o Lulu era o reserva. Havia o Valdenor, o Marinho Louro, O
Nardo Tupinambá, o Carlos e o Nazaré. Mais o Eugênio, o Raimundo “Barriga Mole”
e o Agostinho (Mimim) Tupinambá. O Jorge Cabral era o assistente técnico e o
Jorge “Gainete” era o treinador. Ah, o nosso mascote era o Iran, filho do
treinador.
Ainda hoje há quem conteste
bravamente os resultados da performance do time. Inclusive o Norberto Tavares,
meu amigo, que estudou comigo no GM e depois jogou em clubes semiprofissionais
como o Amapá e o São José. Mas isso é coisa do passado. Não vou discutir uma ou
duas partidas que possivelmente o time perdeu. Na verdade joguei só essas
partidas e venci, acho eu.
Agora vejo essas fotografias com a
cara séria desses moleques atrevidos do Morro do Sapo. Meninos que tiveram
trajetórias bem diferentes, mas que nunca deixaram de ser craques apesar da
tragédia pessoal de alguns.
Não pertenci ao segundo time do
Flamenguinho. Nessa altura tinha trocado a bola pelo violão e tocava no Grêmio
Jesus de Nazaré e nas missas da juventude da igreja de São Benedito. Zé Wilson
e Bolinha jogaram em grandes times locais; Everaldino, o Vevé, virou o “Índio”,
atuando pelo Rio Negro de Manaus e Jonas foi um cracão do Esporte Clube Macapá.
Eugênio, Chico, Marinho, Lulu, Quincas, Mimim, Nardo, Barriga Mole, Careca e
Nazaré viraram funcionários públicos do mesmo jeito que o Gainete, os irmãos
Jucá e eu. Carlos voltou para o interior e o Vevé sumiu de vez. Valdenor
também. Ah sim, o mascote virou militar.
Decorridos cerca de quarenta anos
chegam esparsas e não muito boas notícias sobre aqueles adolescentes de 13, 15,
16 anos. Dizem que Bolinha, com excesso de peso, se recusa a fazer cirurgia de
redução de estômago, um e outro têm doença degenerativa, coisas assim.
O fundador e mantenedor do time,
seu Lima faleceu ainda jovem, não tanto quanto o zagueiro Cabral que morreu de
tiro num acampamento, aos 18 anos, justamente quando servia o Exército em plena
zona de conflito armado no Araguaia, sul do Pará.
Na foto que tenho ninguém sorri.
Calculo que é por causa do sol do meio do dia derramado sobre o capim seco do
velho campo do América, onde um dia tivemos nossas vitórias e cansamos nossos
pés em busca de um futuro cheio de glórias que se avistavam além da poeira do
campo. E certamente multiplicamos nossos sonhos para mais longe ainda da pose
estática da fotografia. Uma foto que “historiadores oficiais” esquecerão, mas
que nós nos lembraremos rindo na nossa solidão, quando a voz materna nos
mandava tomar banho, à tardinha, para lavarmos bem nossas canelas “tuíras” e
cheias de cicatrizes. (Fernando Canto)
(*) Sociólogo e escritor.
Fonte: Facebook
Édi Prado - O Laguinho é recheado de talentos em várias áreas. O futebol era o brinquedo favorito. Campo do América, Bariri, sede dos escoteiros, campinho, lá no alto do morro do sapo,o campo onde hoje é a União dos Negros do Amapá, campo do "Curru", entre Pacoval e Laguinho e além dos Clubes "Grandes" como o São José, Guarani, não lembro do outro time lá da Rua São José,o Latitude, talvez, o América e outros, teve o Flamenguinho, São Benedito, Olaria Maguari Clube, Náutico e outros sem nome oficial, que alegrava a meninada, de manhã, tarde, noite e madrugada. É bom resgatar essas histórias.
ResponderExcluirEstou aguardando a do Olaria para contar tbm...Édi. grato1
ExcluirQue bom relembrar momentos felizes de nossa infância e de amigos que o tempo afastou.
ResponderExcluirLembro com saudade de algumas partidas que joguei e do desejo de muitos garotos em jogar pelo Flamenguinho.
Tive o privilegio de conviver com vários, especialmente o Valdenor, Miguel e Cabral que o destino levou prematuramente.
Parabéns ao Fernando Canto pela lembrança e excelente texto.
Manoel (Nel) Távora