No início da década de 1950, os habitantes do Amapá passaram
a ver velozes motocicletas trafegando pela BR-156 em demanda de Porto Grande,
Ferreira Gomes, Fazendinha e Amapá, lugares para onde progressivamente se
estendia a citada rodovia. Seus condutores eram sacerdotes italianos católicos
que cumpriam missões nos lugares em referência que há algum tempo se ressentiam
da presença de padres residentes.
A marca das motos ficou famosíssima entre os amapaenses: Moto Guzzi.
A marca das motos ficou famosíssima entre os amapaenses: Moto Guzzi.
Pe. Angelo Biraghi (foto maior), Pe. Vitório Galliani (acima) e Pe. Salvador Zona (embaixo) |
A Moto Guzzi é uma marca famosa de motocicleta fabricada pela
“Societá Anônima Moto Guzzi” fundada em Mandello Del Lario em 15 de março de
1921, graças ao empenho de Carlos Guzzi (idealista e construtor do primeiro
modelo), Giovanni Ravelli e Giorgio Paroli, pilotos de avião e o terceiro
mecânico de aviação. A ideia de fundar uma fábrica para produzir e vender
motocicletas surgiu no decorrer da I Guerra Mundial, época em que os amigos
serviam no Corpo Aeronáutico Militar da Itália. Após o encerramento do grande
conflito armado a pretensão dos três permaneceu ativa. Giovanni Ravelli, famoso
piloto e mecânico foi o único que permaneceu na aviação e acabou morrendo em um
acidente aéreo. Sua ausência foi preenchida por Ângelo Paroli, irmão de
Giorgio. Os irmãos Paroli integravam uma rica família genovesa que se dispôs a
financiar a fabricação das motos.
(Imagem: Reprodução web) |
O primeiro modelo da Moto Guzzi apresentou como logotipo uma
águia de asas abertas, símbolo que ainda hoje é preservado. A águia plainando
no ar é uma homenagem a Giovanni Ravelli.
As Motos Guzzi que os padres
italianos usaram no Amapá tinham sido fabricadas em 1950, tinham de 250cc a
350cc. Podiam desenvolver até 240 km por hora. Os padres motoqueiros percorriam
o chão do Amapá em todos os sentidos desde que o terreno permitisse o tráfego
dos veículos. O acesso para várias localidades interioranas foi iniciado por
eles. As máquinas da Divisão de Obras só beneficiaram a trilha muito tempo
depois. Jovens e bem afeiçoados, os padres motoqueiros faziam as moças
amapaenses suspirarem quando eles passavam envergando equipamentos próprios de
pilotos de corrida. Nem tudo ficou no plano da encarnação.
O Padre Salvador
Zona, por exemplo, acabou largando a batina para casar com a professora Nazaré
Braga. O Padre Simão Corridori foi o único a falecer em um acidente ocorrido na
Rua Leopoldo Machado, próximo à Avenida Padre Júlio Maria Lombaerd. Ele era o
diretor do Orfanato São José, localizado na Ilha de Santana, e para lá se
dirigia quando foi brutalmente atingido por um caminhão frigorífico da
Indústria e Comércio de Minérios S.A., ficando preso entre as rodas trazeiras
do veículo. Retirado ainda com vida, o Padre Simão sobreviveu por três dias no
HGM.
Texto de Nilson Montoril, publicado originalmente no jornal Diário
do Amapá, na edição de 19/8/2017.
Fonte: Diário do Amapá
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