segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Foto Memória de Macapá: O amapaense Alberto Alcolumbre

(*) Por Walter Jr do Carmo
O Aeroporto Internacional de Macapá recebeu o nome de um comerciante filho de pioneiros de Macapá.
Alberto Alcolumbre, era amapaense, descendente de judeus.
Teve como avós Salomão Peres e Syme Gabbay, oriundos de Tanger, cidade e porto do Marrocos, no Estreito de Gibraltar. Eles vieram para o Brasil junto com tantas outras famílias de várias origens nos meados de 1870 a 1910, motivados pela exploração da borracha que na época vivia um período de grande prosperidade. Vieram para Belém e de lá para o Amapá.
Salomão Peres iniciou sua vida no Amapá como carroceiro e por não ser alfabetizado, porém, ter grande força de vontade, aonde ia levava uma cartilha e uma tabuada. Muitas vezes tirava suas dúvidas com os transeuntes no caminho.
Com tanta perseverança consegue enveredar pelo caminho empresarial montando um armazém de secos e molhados, numa localidade chamada Padre Inácio.
Isaac e Syme tiveram nove filhos, entre eles: Alegria Gabbay Peres, nascida em 03 de janeiro de 1916. Era a sexta filha do casal. Posteriormente viria se chamar Alegria Peres Alcolumbre.
Em 1940 desembarcou em Macapá o jovem Isaac Menahem Alcolumbre, também judeu, filho de Alberto e Sarah Alcolumbre, vindo de Belém, depois de ter residido, em 1939, em Porto Velho, onde atuava no Serviço de Saúde Pública-SESP, como mata mosquito, na luta pela erradicação da malária. 
Isaac foi para Macapá para contrair núpcias com a jovem Alegria Gabbay Peres. O casamento foi realizado no Fórum da Comarca, que funcionava no prédio da Intendência Municipal, na época.
Após o casamento, as atividades comerciais que estavam com Dona Alegria passaram a ter como sócio Isaac Alcolumbre exercendo função de gerente.
Comunicativo e trabalhador, Isaac ganhou a amizade do povo amapaense. Foi o primeiro comerciante da cidade a sair do simples sistema de troca, comprando géneros inclusive ouro, prosperando com a criação do Território do Amapá, onde passou a ser conhecido como o Rei do ouro. Dona Alegria sempre companheira e trabalhadora, assumiu a gerência da loja na ausência do marido. Em 1946 a sociedade com Syme se desfez.
Isaac e Alegria tiveram onze filhos, entre eles Alberto Alcolumbre, o segundo filho e o primeiro descendente homem da família.
Seus outros irmãos são: Sarah, Ana, Salomão, Menahen, Nissim, José, Syme, Julia, Sonia e Pierre.
Alberto Alcolumbre – nascido em 19 de abril de 1943 - cresceu dentro do comercio, mas se formou em Contabilidade na Escola Técnica do Comercio do Amapá - ETCA. Foi para Porto Velho, onde trabalhou na Empresa Shell Billiton do Brasil. Com a morte do seu pai, em 11 de julho de 1971, Alberto volta para Macapá para assumir o comercio da família, junto com a sua mãe Alegria.
Alberto, com inteligência, espírito empreendedor e grande poder de comunicação, logo se destacou no mercado e pôde dar força a seus irmãos que ainda dependiam da mãe, dona Alegria, ou que estavam na luta pelo mercado de trabalho.
Homenageado Alberto Alcolumbre, faleceu em Macapá dia 11 de setembro de 2002, aos 60 anos, e está sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, no Centro da cidade.
Busto de Alberto Alcolumbre - Aeroporto de Macapá - Foto: Memorial Amapá
Seu busto tem lugar de destaque no hall do novo Aeroporto de Macapá.
(*)Jornalista/publicitário, fundador e primeiro presidente do Memorial Amapá - Instituto de Pesquisa e Ação pela História da Cultura do Amapá.

Um comentário:

MEMÓRIA DA CULTURA AMAPAENSE > DONA VENINA, GRANDE DAMA DO MARABAIXO DO AMAPÁ

Tia Venina marcou a história das mulheres da família e do Quilombo do Curiaú, situado na Zona Rural de Macapá. A sua trajetória é uma inspir...