Quando sou indagado sobre os três
mais profícuos gestores públicos do Amapá, considerando suas duas fases
distintas de Território Federal e de Estado, não posso deixar de declinar os
nomes de Janary Gentil Nunes, Ivanhoé Gonçalves Martins e Annibal Barcellos.
Julgo que o primeiro governador é imbatível. Sua missão foi mais árdua, porque
o desencanto neste pedaço do Brasil limitava as aspirações do povo. Ivanhoé
Martins e Annibal Barcellos despontam no mesmo plano de realizações,
notadamente no campo da saúde, da educação e dos transportes. Os três
governadores devotaram-se às questões estruturais e futuristas.
A Janary Nunes
o Amapá deve a implantação de uma promissora unidade federada. Na sua gestão,
de quase 12 (doze) anos, foram construídos novos e belos prédios:
o primeiro
Hospital, a primeira Maternidade, o primeiro Grupo Escolar (Barão do Rio
Branco),...
... a primeira urbanização de praça (Barão do Rio Branco), a primeira
estação de captação e tratamento de água e de esgoto, o primeiro
estabelecimento secundário (Ginásio Amapaense), a maior extensão da Rodovia
Macapá – Clevelândia, etc, etc.
Ivanhoé Martins foi extremamente dedicado para
dotar Macapá da Estação de Tratamento de Água, da Estação Tropo – Difusora da
Embratel, do 3º pavimento do Hospital Geral que hoje possuímos,...
...do Pronto
Socorro Osvaldo Cruz, da conclusão da BR156, do Hospital de Pediatria, do
Palácio do Setentrião, da Praça da Bandeira, do asfaltamento de ruas, avenidas
e rodovia Duque de Caxias,(hoje Rod. Duca Serra)...
...prédio da Prefeitura de Macapá, prédio dos Bombeiros
e da Polícia Militar, etc.
O Governador Annibal Barcellos, que
exerceu o cargo por cerca de 10 (dez) anos, além do seu espírito empreendedor,
contou com a colaboração de um grande brasileiro, o Ministro do Interior Mário
David Andreazza, no período de abril de 1979 a junho de 1985. Barcellos foi bem
mais futurista do que os outros gestores.
Pensando no Amapá como Estado da
Federação, construiu o prédio da Assembleia Legislativa, do Banco do Estado do
Amapá, das Secretarias de Governo, da Câmara Municipal de Macapá,...
... do Tribunal de Contas, do Palácio do Governo, Monumento Marco Zero,...
... do Tribunal de Contas, do Palácio do Governo, Monumento Marco Zero,...
... do Fórum de Macapá, a
rampa acostável do Santa Inês, etc “e por aí a fora”. Preocupado em dar o
melhor aspecto às áreas reservadas para praças de Macapá, urbanizou-as e reformou
as existentes. Seus adversários políticos passaram a chamá-lo de “Zé Pracinha”.
Janary Nunes, Ivanhoé Martins e
Annibal Barcellos tinham outro ponto em comum: Oficiais das Forças Armadas. Os
dois primeiros integraram o Exército, respectivamente nos postos de Coronel e
General. Barcellos, Capitão de Mar e Guerra. Também são comuns os interesses
pelo atendimento às comunidades interioranas utilizadoras das vias fluvial e
litoral atlântico.
Janary Nunes montou a primeira frota de embarcação do Amapá:
rebocador Araguary, Alvarenga Uaçá,...
...lanchas Veiga Cabral e Amapá, Iates
Itaguary, São Raimundo, Macapá, São Francisco, Canoa Liberdade e dezenas de
motores de popa.
O General Ivanhoé ampliou a frota incorporando o Iate João das
Botas, Marcílio Dias, além de recuperar diversas embarcações que se encontravam
no Estaleiro Naval.
O Comandante Barcellos transformou o Serviço de Transportes
do Território Federal do Amapá-SERTA Navegação, em Superintendência de
Navegação do Amapá – SENAVA, que seria o trampolim para a criação da Companhia
de Navegação do Amapá – CONAVA.
Em sua gestão administrativa recebemos os
navios Idalino Oliveira (372 passageiros), Comandante Pedro Seabra (114
passageiros) e Comandante Solon de Almeida(500), balsa Hospital e suas cinco
lanchas de apoio, Ferry-boat e lanchas doadas as Prefeituras do Amapá, Mazagão,
Calçoene e Oiapoque. Em termos de transportes aéreos os três também são
imbatíveis. Os tempos modernos cooperaram com Barcellos, facultando-lhe a
incorporação de dois aviões Bandeirantes ao Departamento de Transportes Aéreos.
Além dos aviões Bandeirantes,
permaneceram o Beachraft, o Baron, o Cesna 206 e o Navajo. No tempo de Janary
Nunes havia dois Paulistinhas, o Bonanza e o Beetchraft. Eram aviões pequenos,
de treinamento e para transportar, no máximo quatro pessoas. O General Ivanhoé
Martins adquiriu alguns Cesnas, manteve os existentes e recebeu um helicóptero,
que foi trocado por outra aeronave.
As gestões aqui abordadas não
coincidem por acaso. As Forças Armadas sempre preparam bem os seus oficiais,
tornando-os hábeis empreendedores. Mas, o Comandante Barcellos tinha um trunfo
que superava os demais governadores. Poderia ser mais um dos nomeados pelo Poder
Central que, depois de encerrar sua gestão administrativa deixaria o Amapá, raspando
a terra tucuju de seus sapatos na porta do avião. Ele não agiu assim.
Identificou-se tanto com o Amapá, teve profunda afeição pela “estância das
bacabas”, que permaneceu residindo na cidade, como um dos vereadores de Macapá.
Emérito desportista e amante das tradições culturais seguiu, transitando
fagueiro e serelepe por nossas ruas e demais logradouros públicos,
relacionando-se cordialmente até com os que já o consideraram inimigo número
um.
A exemplo de Janary Nunes, também registrou em livros as suas realizações.
(*)Texto do professor, historiador, radialista e atual presidente da Academia Amapaense de Letras, publicado originalmente sob o título "Prefácio de um livro", na edição do dia 27/10/2018, no Jornal Diário do Amapá. Especialmente adaptado e atualizado para o blog Porta-Retrato, com a devida anuência do autor.
Fotos de arquivo do Porta-Retrato
Fiquei muito feliz ao poder lembrar os momentos que vivi nesta querida Macapá e onde minha contribuição foi de colocar um tijolinho nessa construção, tão esperada por mim, venham seus filhos torna-lá muito importante no cenário brasileiro. Aciné Lopes de Souza
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