ICÔNICA PERSONAGEM DO RÁDIO
Por José Machado
JACY DUARTE,
está entre os inúmeros personagens que contribuíram com seu talento e
profissionalismo para a historiografia da Difusora de Macapá,
Iniciou sua
carreira profissional em radionovelas em Belém/Pa. São mais de sessenta anos
ininterruptos de microfone e, representa talvez a mais longa e permanente
carreira do rádio no Norte do país.
O fenômeno
das radionovelas dívididas em capítulos, tinha como principal público-alvo o
feminino, e havia total fascínio que a fantasiada ficção proporcionava.
As jovens e
senhoras, se postavam junto ao receptor em dias alternados à espera da novela
que teve grande popularidade e imensa aceitação, atraindo cada vez mais
ouvintes. Vendia ilusões e esperanças em arrebatados dramalhões.
Seguidos das
radionovelas, surgiram os seriados que ressignificavam experiências emocionais,
no melhor estilo folhetinesco que passavam a se mesclar ao imaginário dos
ouvintes, já fidelizados a este novo veículo de difusão da indústria cultural.
Eram o
carro-chefe das programações radiofônicas e, as emissoras iniciaram um processo
de adaptação que o tempo exigia. Se no início os seriados e novelas eram
importados, suas produções passaram a ser locais, gerando um novo nicho de
mercado para escritores e jornalistas e aspirantes a carreira de rádio atores e
atrizes.
À época, a
carência de recursos humanos qualificados, obrigava as emissoras a selecionarem
dentre seu próprio quadro de locutores, candidatos a essa modalidade
profissional.
Pauxy Gentil
Nunes, então governador do Território Federal do Amapá e, colega de faculdade
de Edir Proença (Rádio Clube do Pará), ao fazer uma visita ao amigo, manifestou
a intenção de criar o cast de rádio atores (atrizes) da Difusora de Macapá.
Autorizado
pelo governador, Mário Quirino, diretor da RDM á época, manteve gestões junto a
direção da Rádio Clube, que liberou dois funcionários.
Foi assim,
que em meados de 1955, indicados por Proença, os jovens (em idade) mas
veteranos radialistas Jacy Duarte e Lindolfo Pastana, migraram para Macapá.
Jacy, à
época integrante da Força Aérea Brasileira, pediu transferência para um
destacamento avançado da FAB em Macapá, a fim de conciliar ambas as atividades.
Foi um
período de intenso trabalho, mas bastante produtivo, inclusive na montagem
da grade de programação da emissora, que funcionava no estilo “vitrolão”
(música, prefixo) e poucas propagandas. Montaram um elenco com estreantes, que
surpreenderam pela versatilidade e exponencial artístico.
Concluída
suas missões, Lindolfo Pastana permanece mais alguns anos em Macapá e, Jacy
Duarte, retorna a Rádio Clube do Pará PRC-5 e, cria “o Regatão vem aí”, sua
marca registrada, que o tornou conhecido em toda a Amazônia e ficou na história
da radiofonia paraense.
Inspirado no
mascate que viajava pelos rios da Amazônia, comercializando gêneros de primeira
necessidade com os ribeirinhos, na base do “escambo” (troca de produtos
regionais, agrícolas e extrativistas), JACY, viu sua audiência subir
vertiginosamente.
Teve grande
aceitação pelo estilo irreverente, coloquial e regionalista de se comunicar, e
o repertório sertanejo, entremeado com pequenas esquetes que ficaram
consagradas no rádio.
Personagens
memoráveis como o velho caboclo, de origem nordestina (muito esperto), o padre,
o sacristão, tudo isso intervalado pela leitura das cartas dos ouvintes dos
mais longínquos lugares da Amazônia e do exterior, como Noruega e Suíça, ouvido
através dos clubes de rádio escuta.
Tipos
folclóricos que ficaram na memória dos ouvintes, tudo feito de improviso. Um dos programas mais
duradouros da emissora e líder absoluto de audiência no horário.
Há 65 anos
no ar, “O Regatão vem Aí”, acompanhou a evolução tecnológica e adaptou-se a
modernidade do rádio e da mídia digital.
Totalmente
“repaginado” em seu conteúdo, as
viagens agora são limitadas pelo sinal da Rádio FM Cultura, e duram o
tempo de uma hora.
Jacy,
colocou o seu talento e conhecimentos que experienciou ao longo de sua
carreira, à compreensão da cultura popular e da alma do povo amazônida através
do rádio.
Um ser
humano especial, durante contatos que mantivemos, confirmou o perfil que haviam
traçado sobre ele. Um indivíduo educado, atencioso e modesto.
Quando lhe,
pedi que falasse sobre sua atuação na Difusora de Macapá, tamanha foi sua
surpresa de como soubera dessa fase de sua carreira e, que poucos tomaram
conhecimento e que ele julgava perdida no tempo.
Falei do meu
propósito de homenageá-lo nesta data, quando do aniversário da RDM. Chegou a
enfatizar, que pelo curto período, e o trabalho desenvolvido, não se achava
merecedor de homenagens.
Não
habituado com modéstia, fiquei surpreso, haja vista que poucos seres humanos
estão à prova da vaidade de uma atenção interessada.
Preservar a
memória da emissora, torna possível a compreensão dos períodos anteriores, da
identidade e da cultura, além do trabalho que envolveram os seus colaboradores.
É importante
pontuar que a consolidação, prestígio e conceito conquistados pela RDM perante
seus milhares de ouvintes, foi graças ao cast transato, vanguarda de nossas
alegrias e orgulho.
Essas
figuras icônicas, abriram à várias gerações o campo de expressão artística
local, um circuito voltado para o mercado nacional.
Não foram
apenas o grande público e os artistas que ganharam, sobretudo, foi notável seu
papel na formação de profissionais.
JACY DUARTE,
é graduado em Direito e Administração de empresas. Aos 83 anos de idade bem
vividos, esbanjando saúde, divide seu tempo entre a produção e apresentação de
seu programa, e a Direção da agência de publicidade da família.
E, nas vagas
horas, se dedica a Literatura. Publicou “Banco de Praça” que presenteou o articulista
com um exemplar (foto) abaixo.
Ao ensejo
dos 75 anos da Rádio Difusora de Macapá completados hoje, prestamos esta justa
e mais que merecida homenagem, a uma icônica e eclética personagem, ainda
atuante no rádio paraense e, talvez no Norte do Brasil.
Grande Jacy! Saudades dos tempos de PX! PX8-D-1024!
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