terça-feira, 16 de abril de 2024

PIONEIRO DO ESCOTISMO AMAPAENSE > CHEFE DÁRIO CORDEIRO JASSÉ (in memorian)

Chefe DÁRIO CORDEIRO JASSÉ, deixou seu nome nos anais do Movimento Escoteiro do Amapá. 

Foi dele a iniciativa de fundar no dia 13 de julho de 1947, em Macapá, a Associação de Escoteiros do Mar “Marcílio Dias”.

Em razão disso, o blog Porta-Retrato-Macapá presta-lhe merecida homenagem póstuma.

O paraense DÁRIO CORDEIRO JASSÉ, filho de José Jassé e Rita Cordeiro Jassé, nasceu em Belém/PA, dia 18 de maio de 1907. Enquanto permaneceu em Belém residiu na Rua dos 48, por trás da Igreja da Santíssima Trindade e na Avenida 25 de setembro, aos fundos do Bosque Rodrigues Alves. Na capital paraense ministrou aulas de educação física em diversos estabelecimentos de ensino e integrou o movimento escoteiro. Convidado para trabalhar em Macapá, Dário Jassé lá chegou em abril de 1947, sendo lotado na então Divisão de Educação e exercendo a função de Inspetor de Ensino. Fixou residência no bairro do Trem, onde a Prefeitura de Macapá havia concedido à associação que dirigia uma ampla área delimitada pelas Avenidas Cônego Domingos Maltez/Antônio Gonçalves Tocantins e pelas Ruas General Rondon/Eliezer Levy. De imediato foi demarcado um campo de futebol e iniciada a construção de um barracão. As instruções sobre o escotismo eram ministradas no revelim da Fortaleza de São José. No pentágono localizado à frente da Fortaleza, o chefe Dário Cordeiro Jassé ministrava os ensinamentos sobre escotismo aos componentes do Grupo Marcílio Dias. As aulas sempre ocorriam à tarde e atraiam dezenas de curiosos, principalmente crianças.

Família

Chefe Dário Jassé teve ao todo dez (10) filhos, frutos de dois relacionamentos: seis homens e quatro mulheres, duas delas são macapaenses: além de Rita Célia, que mora em Brasília, e Regina Clélia que mora em Macapá, havia um menino de nome Manoel que viveu poucos dias, e era o único filho macapaense. Os demais, todos paraenses: Lia, a mais velha de todos, ainda viva e lúcida, com mais de 90 anos (95/96) mora no Rio de Janeiro. Norma, Dário Maurício, José, Carlos Fernando e Raimundo Sérgio são falecidos. Nosso informante o paraense Antônio Mario, hoje (2024) com 77 anos, aposentado, também mora em Macapá há muitos anos, casado com uma das filhas do Seu Barbosa, reside na área da antiga Vacaria, no bairro do Beirol.

Morte e homenagens póstumas

Em 1953, doente, chefe Dário Jassé foi internado no Hospital do IPASE, no Rio de Janeiro, onde faleceu a nove de março. Em maio ele completaria 46 anos de idade. O corpo de Dário Jassé foi enterrado no cemitério São João Batista e o governo do Amapá arcou com as despesas de seu funeral. Dário Jassé era o Comissário Regional da União dos Escoteiros do Brasil, no Amapá e Clodoaldo Nascimento o subcomissário. No dia 3/4/1953, às 10 horas, o Grupo Marcílio Dias prestou-lhe homenagens na área da entidade que fundara. Houve hasteamento da bandeira nacional e colocação de uma placa homenageando o extinto. O tenente Glycério de Souza Marques teceu breves comentários sobre a vida do Professor Jassé. Compareceram à solenidade: o Dr. Hildemar Pimentel Maia, governador em exercício; Heitor de Azevedo Picanço, presidente da União dos Escoteiros do Brasil - Regional do Amapá; Jacy Barata Jucá, presidente da Associação Marcílio Dias e Clodoaldo Carvalho do Nascimento, Comissário Regional substituto. Cantou-se a canção do silêncio e a valsa da despedida. Jacy Barata Jucá e Heitor Picanço descerraram a placa Dário Jassé com os dizeres: “Marcílio Dias, Campo Escola Dário Jassé. Em 1958, o chefe Clodoaldo Nascimento foi ao Rio de Janeiro para providenciar a vinda dos despojos de Dário Jassé para Macapá, fato concretizado dia 17/11/1958, em avião do Lóide Aéreo Nacional.

A foto acima, registra o momento em que a carreta que transportava a urna mortuária do chefe Dário Cordeiro Jassé estacionava no pátio central da Fortaleza de Macapá e o chefe Raimundo Façanha direcionava a roda dianteira esquerda do pequeno veículo no sentido da capela de São José. Do lado oposto, entre os escoteiros que empurravam o carro vemos o chefe Luciano. No interior da carreta há dois lobinhos do Grupo Marcílio Dias. O lobinho que está perto do chefe Luciano é o Urivino Bandeira, ainda vivo. Dentre as pessoas que recepcionaram o chefe escoteiro falecido identificamos o senhor Belarmino Paraense de Barros, de roupa branca e o Inspetor da Guarda Territorial Ítalo Marques Picanço que faz a saudação escoteira. Observe que a urna mortuária estava na carreta e sobre ela foi postada uma flor de lis, o símbolo do escotismo. Esta urna ainda se encontra guardada no interior da Fortaleza. A urna mortuária, contendo na parte superior uma flor de lis, símbolo do escotismo, foi trasladada para a capela de São José, na Fortaleza de Macapá. À época, ainda se falava na construção de um memorial destinado aos pioneiros da implantação do Território do Amapá e a urna contendo os restos mortais de Dário Jassé seria guardada no citado monumento juntamente com os despojos de Joaquim Caetano da Silva. Com o passar dos anos, muitos mentores da ideia deixaram o Amapá e ela foi fenecendo. Durante muito tempo as urnas de Joaquim Caetano e de Dário Jassé permaneceram na sacristia da capela da Fortaleza. Transferidas para outro edifício do velho forte, elas passaram a figurar como reserva técnica do Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. Atualmente, a urna do patrono do museu está guardada no prédio da antiga Intendência de Macapá. A urna de Dário Jassé permanece como “reserva técnica” e mantida na Fortaleza. O historiador Nilson Montoril de Araújo afirmava com absoluta convicção que os restos mortais contidos na urna que está sendo mantida na Fortaleza são de Dário Cordeiro Jassé. Ele viu a urna chegar a Macapá e acompanhou o féretro até a Fortaleza. Naquele dia 17 de novembro de 1958, Nilson estava entre os escoteiros macapaenses, pois integrava o Grupo São Jorge. Dentre os pioneiros do escotismo no Amapá, ainda vivo o chefe José Raimundo Barata, com 96/97 anos e reside em Belém do Pará. Manoel Ferreira, o popular Biroba, que era um dos chefes dos escoteiros do mar também testemunhou o fato aqui narrado.

Texto de Nilson Montoril, adaptado para o Porta-Retrato, publicado originalmente no blog Arambaé, do próprio Nilson.

Nota do EditorAgradecemos ao amigo Antônio Mário, filho do biografado, que contribuiu com informações para atualização desta biografia! (João Lázaro)

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