terça-feira, 29 de setembro de 2015

Memórias de Macapá: Nena Leão - O legendário “Rei da Noite”!

Concretizamos, hoje, um desejo há muito pretendido: de homenagear o amigo Nena Leão – o legendário “Rei da Noite”, de Macapá.
A edição de setembro da Revista DIÁRIO publica uma matéria sobre a vida desse nosso contemporâneo sessentão.
Com a devida licença do autor, adaptamos para o “Porta-Retrato”, o texto de Douglas Lima com fotos de Alexandre Alves.
Avenida Coaracy Nunes, 691, entre as ruas Odilardo Silva e Eliezer Levy, no Centro de Macapá: este é o endereço de Raimundo Barreto Coimbra, ou melhor, do Nena Leão, como é conhecido.
Ele mora na parte elevada do terreno. 
À margem da avenida está o bar “La Boheme”, de propriedade desse macapaense, moreno, no auge de seus 67 anos de idade.
“Nena Leão é uma figura legendária da noite da capital amapaense; um dos reis das antigas adolescentes, jovens e inocentes tertúlias hoje transformadas em homéricas farras que varam as madrugadas, chegando ao raiar do sol”.
“Coimbra conta que o apelido Nena Leão, surgiu de forma espontânea. O Nena, ele não sabe de onde e como; o Leão, pelo fato de ser um apaixonado torcedor do Clube do Remo, o Leão Azul, paraense. E o surgimento como notívago, também diz que foi de forma espontânea, nada pensado”.
Foi Nena Leão, quem montou a primeira banca de revista em Macapá, de nome “Cinelândia”, na Av. Mário Cruz, entre as ruas Cândido Mendes e São José, ao lado do Teatro das Bacabeiras, na Praça Veiga Cabral.
“Da banca de revistas ele pulou para a feirinha que ainda existe perto do mercado central, onde fez funcionar um bar. Posteriormente, mudou-se com o bar para a Feira de Peixes, no bairro do Buritizal.”
“Depois da experiência com bar, onde já tocava alguma coisa de música para alegrar o ambiente, Nena Leão se embrenhou na noite, fazendo funcionar o “Corujão”, dançará que se tornou famoso em Macapá, durante 22 longos anos”.
O “Corujão”, que funcionava na Rua Professor Tostes, no bairro do Muca, “era um misto de boate e salão de festas, bem popular, frequentado por gente de todo nível social, um congraçamento atraído pela natural busca de diversão, mas que encontrava satisfação plena nas músicas dançantes apuradamente selecionadas por Nena Leão”.
O repertório era bem romântico. Boleros com letras que “(*)primavam por uma lírica de impressionante criatividade que se referia à desventuras amorosas”. 
O ambiente era essencialmente boêmio. Isso, sem falar nos sucessos da jovem guarda e nos hits internacionais, que transportavam a todos, eternas lembranças.
Nena recepcionou no La Boheme, em ocasiões diferentes, os saudosos cantores Núbia Lafayette e Noite Ilustrada.
Entre suas paixões, estão: a música em vinil, que nunca abandonou pelo CD ou DVD, os Clubes do Remo e Flamengo, além do rádio.
“Sua inconfundível discoteca conta com mais de cinco mil (5.006) discos de vinil, entre simples, compactos duplos e long plays, em plena era digital. Esse acervo ainda é utilizado ou rodado, diariamente, num antigo toca discos”.
O cronista João Silva, também nos conta UMAS E OUTRAS DO NENA LEÃO: 
“O La Boheme é o endereço da boa música, da saudade, do romance, dos boêmios da cidade…E tome Miltinho, Reginaldo Rossi, Odair José, Nelson Gonçalves, Beth Carvalho, Ângela Maria, Ataulfo Alves, Emilinha Borba, Clara Nunes, Maysa, Agnaldo Rayol, Roberto Carlos, José Augusto, Carlos Alberto, Agnaldo Timóteo, Francisco Petrônio, Eduardo Araújo, Roni Von, Adilson Ramos, Leny Andrade, Maria Bethânia, Altemar Dutra, Silvio César, Orlando Silva, Caetano Veloso e outros.”
João Silva, que conhece muito bem o amigo, diz que ele é "gente fina", mas deve ser tratado com parcimônia, com aquele jeitinho, e explica por que:

Imagem: Google Images
“O Nena quando está “pilotando” o bar da sua vida tem lá suas manias, fique ligado; trate-o de “Pai” – ele gosta, e certamente vai devolver a você mesmo tratamento; não estranhe a defumação, a vela acesa no canto, o pião roxo na entrada, a coruja em porcelana e olhos fosforescentes no alto da prateleira; não faça pedido musical, não pense em atravessar o balcão, não toque nas preciosidades em vinil: compactos, compactos duplos e CDs da sua discoteca!”.
Outra coisa: “a cara fechada não quer dizer nada, embora não suporte chato e fiado também; não esqueça que ele trabalha duro, mas toma umas e outras enquanto atende a freguesia; a sua grande sacada mesmo é fazer clima, botar fogo na paixão, arrancar da garganta dos apaixonados aquele grito: ‘Mata, Pai!’, aliás uma tradição da casa que vive da sensibilidade que Deus lhe deu tirando do fundo do baú o sucesso que os seresteiros gostam de ouvir nas noites do La Boheme.”
João Silva também diz quem é Nena Leão?
“Conheço o Nena do tempo em que trabalhava na Banca Cinelândia, na Praça Veiga Cabral, com aquele rádio imenso (seis faixas) ligado no programa de Paulo Moreno da Rádio Globo! É macapaense, irmão de L. Coimbra, que fez parte do “cast” da Rádio Difusora de Macapá (ator de rádio novela), talvez o primeiro colunista social de Macapá, ele que foi embora para o Rio de Janeiro, e morreu na Cidade Maravilhosa”.
Sobre o apelido de “Rei da Noite”, João lembra que “a inspiração do radialista Arnaldo Araújo, marcou as farras que alegraram boa parte da nossa mocidade;...”.

Raimundo Barreto Coimbra - filho da dona Marcelina Barreto Neves - teve três filhos com dona Valdomira, falecida há 12 anos: Valdirene, Valdisa e o radialista  Wilker Martins, consagrado DJ, em Macapá.

Nota do Editor:

Lembro-me, dos bons tempos no final dos anos 60, quando, ainda solteiro, parava todas as noites na casa do Nena, para ouvirmos pelo Motorádio, os programas das Rádios, Globo, Mundial e Super Tupi, do Rio de Janeiro.
Ele colocava à beira do barranco, um sofá estufado, e varávamos as madrugadas, curtindo inesquecíveis programas da época de ouro do rádio brasileiro!

Bons tempos!... João Lázaro
Texto original de Douglas Lima (Revista DIÁRIO)
João Silva, colaborou!

3 comentários:

  1. Jota me disseram que o Nena Leão faleceu> E verdade isso?
    Hueres Aquino..

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  2. Sim, já faleceu , tentei achar a data de falecimento, mas n consegui achar

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