ASSIM CAMINHA A PIONEIRA, é uma
crônica do escritor e jornalista Ruy Guarany Neves, publicada inicialmente em 08/09/1994
no Jornal do Dia, e inserida no livro “A MISSÃO DE COMUNICAR”, lançado,
recentemente, pela Editora Scortecci.
Como neste 11 de setembro de 2015,
a Rádio Difusora de Macapá estará completando sessenta e nove anos de bons e
relevantes serviços prestados à comunidade amapaense, resolvemos trazer para o
blog Porta-Retrato, a história da emissora oficial do Governo do Amapá, na
versão do experiente cronista Ruy Guarany Neves.
Vamos conhecer parte d“Os Caminhos da Pioneira” nesses quase
setenta anos “de lutas, amor e desprendimento por parte daqueles que fazem a
história da radiodifusão no Amapá.”.
Ruy relembra que, “no
início de suas atividades, nos idos de 1946 com o prefixo ZYE-2, a Rádio Difusora
de Macapá tinha como missão a divulgação das ações do Governo do Território,
além de outras informações de interesse da população, sem fins lucrativos. Dotada inicialmente de transmissor de baixa
potência de fabricação Philips, sintonizado na frequência de 1.460 Kcs (Khz), a
emissora cumpria um horário restrito de 6 horas às 9 horas, de 11 horas às 13
horas e 17 horas às 20 horas.
Nesse trecho ele conta um detalhe, que
até então, eu desconhecia: “Ciente de que parte da população de Macapá
não possuía rádio, o governo Janary Nunes determinou a instalação de um
projetor de som na praça matriz, onde muita gente comparecia a partir das 18
horas para ouvir as últimas notícias. O pequeno transmissor funcionava no
próprio prédio da emissora, próximo à console de operação. O sistema irradiante
era do tipo unifilar no sentido horizontal, atravessando a Rua Cândido
Mendes(...). O equipamento foi instalado pelo engenheiro Jorge Êdo, ficando a
manutenção a cargo do técnico Manoel Raimundo Veras. Os locutores Raimundo
Bentes e Delbanor Dias se revezavam para manter a programação. “
Outro detalhe histórico importante,
na versão de Ruy Guarany: “a primeira transmissão em ondas curtas foi
feita com a utilização de um transmissor de fabricação americana marca RCA, de 500 watts de
potência, sintonizando na gama de 4.390 (Khz), pertencente a estação
radiotelegráfica. Isso aconteceu durante um jogo de futebol entre o Amapá Clube
e o Artífice em Belém. Atuou como locutor o então diretor da divisão de
educação Marcílio Viana. Ele conta ainda que “empolgado com os resultados dessa
transmissão, o governador Janary Nunes determinou a aquisição de um transmissor
de fabricação Indeletron, potência de 1kw, faixa tropical de 4.915 Khz, que
entrou em operação no dia 13 de setembro de 1952. Com essa providência, o
interior passou a receber as informações sobre os atos do governo. A primeira notícia vinda do exterior dizia
que os sinais da RDM estavam sendo recebidos na Alemanha.
Mais em frente Ruy cita que ”necessidades
crescentes levaram o governo a recrutar mais pessoal para a emissora. Assim, o
elenco da pioneira foi enriquecido com a participação de Agostinho Souza,
Argemiro Imbiriba, Pedro Afonso da Silveira, Amazonas Tapajós, Júlio Sales,
José Maria de Barros, Creuza Souza, Edna Luz, Benedito Andrade, J. Ney, João
Álvaro Rodrigues, Cristina Homobono, Guilherme Jarbas, Humberto Moreira, João
Lázaro(eu mesmo), Osmar Melo, Hermínio Gurgel.
Concordo plenamente
quando ele ressalta que “merece destaque a participação de Carlos
Corte, o saudoso Baião Caçula, que dava apoio às transmissões externas. Era um
emaranhado de fios que só ele entendia. Quando a coisa não dava certo, o
dedicado servidor sempre tinha uma alternativa para que as transmissões se
efetivassem. Com a
saída de Manoel Veras, o setor técnico ficou a cargo de José Rodrigues(seu
Pepe), Ivaldo Veras, Otavio Pinheiro dos Santos e
Nonato Leal.
Em 1964, já especializado em transmissão, Ruy passa a dirigir o setor técnico da emissora: "A essa altura dos acontecimentos, éramos obrigados a operar milagres para manter a rádio em operação".
Em 1964, já especializado em transmissão, Ruy passa a dirigir o setor técnico da emissora: "A essa altura dos acontecimentos, éramos obrigados a operar milagres para manter a rádio em operação".
Ele conta
que o sacrifício era compensado e cita que “o
governador Ivanhoé Martins, atendendo uma exposição de motivos que lhe
encaminhei, determinou a compra de um transmissor marca Philips Inbelsa, para
suprir a faixa tropical. Durante alguns anos eu e Hélio Pennafort atuamos como
noticiaristas da RDM. O noticiário telegráfico da Asapress, Meridional e United
Press era encaminhado a Alcy Araújo, que marcou participação relevante na nossa
comunicação.”
Ruy cita também, um acontecimento
importante que assinalou a participação dele, como homem da comunicação: “fui
o primeiro a receber e levar ao conhecimento do governador Janary Nunes a
notícia do suicídio do presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954. Peço desculpas se omiti algum nome.
Entretanto, merecem destaque os dedicados servidores que ajudaram a impulsionar
a nossa pioneira, como controlistas, operadores de transmissores, motoristas e
outras atividades de apoio, de um modo especial só diretores que passaram pela
emissora. Muito embora alguém insista em
suprimir do roteiro da RDM o período em que funcionou como Rádio Nacional de
Macapá, para mim não passou de um erro político que não merece ser considerado.”
Nossos parabéns, a todos que hoje militam na Difusora, lembrando que
eu(João Lázaro), entre muitos, também tive a honra de passar pelos vitoriosos
“Caminhos da Pioneira”!
Fonte: Do Livro A
MISSÃO DE COMUNICAR, de Ruy Guarany Neves, Editora Scortecci – 1ª edição-2015)
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