Já como aluno da
terceira série do curso primário,
queria que o tempo passasse bem
rápido, para logo chegar a quinta série
e então poder prestar o exame de
admissão ao ginásio, pois assim, além de
melhorar meu grau de conhecimento para a
vida, poderia vir a almejar uma
vaga no quadro da “Turma do buraco”.
Essa era minha grande meta, já que o
programa, uma espécie de bolsa para
estudantes, mantido pela PMM,
iria aliviar a folha de despesas
da minha querida mãe, que dava um duro danado, amassando açaí, lavando e passando
roupa da vizinhança, além de
trabalhar com a venda de mingau e tacacá
para poder manter a casa.
Quando estava na quarta série, já estava estabelecido
que quem tivesse notas boas podia prestar o exame. Utilizando deste benefício,
tentei o Colégio Amapaense e não passei, e após concluir a quinta série, fiz
exame na Escola Técnica de Comércio do Amapá (que depois foi CCA e hoje é
Gabriel de Almeida Café). Fui aprovado.
Aliás que só o Colégio Amapaense mantém o nome original desde sua inauguração.
Foi como aluno da ETCA que pude então ser um dos
integrantes da famosa “turma do buraco”, junto com Raul Seabra, Odoval Moraes,
Machado, Jackson Picanço, Maquizanor, Carneiro e outros tantos. Por três anos
servi como bolsista da PMM e vivi três casos engraçados, que não poderia deixar
de postar aqui.
1) – Raul Seabra,
o namorador da turma e o mais enxerido, disse para a namorada que trabalhava num
escritório e a turma ficou sabendo: um belo dia (sempre tem um belo dia)
estávamos cavando buraco para plantio de mangueiras em frente ao
HGM quando, como que saindo do nada, a namorada do
Raul apareceu e ao
vê-lo de picareta na mão, perguntou: “ é esse o teu escritório?”
Na hora um gaiato completou: “é, e essa é a caneta dele”.
2 – Fomos destacados para derrubar as árvores que existiam na Praça do Aeroporto para que
fossem feitas ali algumas melhorias. Sol quente, machado tinindo na madeira
dura, o Raul jogou para cima uma das pedras que protegiam os canteiros e a mesma atingiu o Maquizanor que desmaiou
(fingiu) e o Raul ficou apavorado, pois insinuávamos que ele havia morrido.
Depois de muita zoação, a vítima voltou
à vida para alívio do nosso amigo Seabra.
3 – Uma outra missão foi cavar buracos na praça em
frente ao barracão da Fortaleza (onde funcionou o Círculo Militar) para
arborização do local e lá fomos nós. Como a terra era fofa não demorou para que
o serviço fosse concluído. Para
aproveitar a folga no horário de trabalho, fomos tomar banho e fazer guerra com
casca de melancia na praia. Guerra comendo solto, percebi que alguém tentava me
surpreender e dei uma volta por trás de uma grande pedra e tasquei um pedaço de
melancia no toutiço do inimigo. Quando a
vítima se virou para ver quem atirara, para minha surpresa, constatei que era o
apontador Dinamar, que tinha ido pegar o ponto do pessoal e como não viu
ninguém na área de trabalho foi atrás. Quando ele tirou a camisa e a calça, ficando
só de cueca, já me preparava pra correr, quando, para meu espanto, Dinamar se
abaixou e juntou uns bagaços de melancia
e entrou na guerra também.
Os alunos bolsistas da “turma do buraco”, no tempo do
apontador, a guerra com casca de melancia, são lembranças da minha infância
feliz vivida no meu querido bairro da Favela.
Publicado em 4 de setembro de 2009 no blog da Alcinéa
Cavalcante.
(*) articulista
Fonte: Blog da Alcinéa
Cavalcante
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NOTA DO EDITOR:
Milton Sapiranga
Barbosa é um amigo de longas datas, e contemporâneo de Macapá.
Trabalhei com Sapiranga em 68 no
Jornal “A Voz Católica”, enquanto aguardava a Rádio Educadora São José entrar
no ar.
Pouco tempo depois, estávamos
novamente juntos na Rádio Educadora.
Milton, como eu, também passou pela
Rádio Difusora de Macapá.
Milton Barbosa, o nosso “Sapiranga” é
uma lenda viva de Macapá.
Pense num tucuju que conhece bem sua
terra natal!
Falou da Macapá antiga, Sapiranga
conhece todos os personagens.
Principalmente os moradores da
Favela, Laguinho, Trem, Centro, Bairro Alto, baixada da Olaria, ele sabe tudo,
conhece a história de cada um.
Sobre o esporte, nem se fala, é
autoridade no assunto.
Não é à toa que nosso Sapiranga -- por
sua competência e conhecimento de causa – foi escolhido como Assessor Para
Assuntos Memoráveis aqui do blog Porta-Retrato.
Milton Barbosa, hoje com 74 de idade - depois de enfrentar um sério problema de saúde e fazer tratamento médico em Fortaleza,
capital do Ceará - está residindo em Santana-AP com a filha dele, e a saúde sob controle.
João Lázaro - Editor do Porta-Retrato
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( Última atualização às 10h35m )
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